Quando Indiana Jones contou ao pai que tinha descoberto o túmulo de Sir
Richard e a inscrição no escudo – Alexandretta – o pai exultou e a felicidade
salpicou-me, como se eu também fizesse parte da descoberta.
Passados muitos
anos, vivi este momento na primeira pessoa ao encontrar, não os restos mortais de um cruzado, mas um assento de óbito.
Os olhos saltaram-me das órbitas como se fosse uma personagem animada, reli
e voltei a reler o manuscrito… não, não podia ser. Mas era.
Agarrei no telefone, com a pressa enganei-me no número, enquanto imprimia
o papel que, fugindo a concentração, saiu em letra liliputiana.
A voz atendeu-me a muitos quilómetros de distância, bem-disposta e alegre,
de repente a querer deter a brincadeira por perceber a ansiedade na minha própria
voz.
Pedi que se sentasse e me ouvisse, afinal não é todos os dias que se
descobre uma informação que os especialistas na matéria procuram há mais de
duzentos anos.
Está
a brincar comigo? Adivinhei a cara séria de quem não admite jocosidades com coisas destas.
Mas eu não brincava e tinha provas, que enviei naquele instante por e-mail.
Do outro lado choraram quando receberam a mensagem. Um choro de alegria,
de satisfação, de alívio pelo fim de uma jornada. Eu também chorei de alegria, por
ter participado, por me terem dado essa honra.
Não fazendo investigação por profissão, dou apoio a inúmeros investigadores e auxilio-os naquilo que posso. Rejubilo com as suas conquistas, critico textos, sugiro alterações, do português, já se vê, que da matéria são os conhecimentos insuficientes.
Porém, a proximidade com algumas pessoas fez crescer uma empatia e um interesse maiores que os do costume. Esse interesse, feito curiosidade, levou-me a percorrer caminhos cuja linha do horizonte se transformou na mais bela das paisagens, e desta vez não foi uma praia, e sim um assento de óbito.
Oh, que morte abençoada...
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