terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Vida e morte no Facebook

viste FB? vai ver
A mensagem por sms é lida por mim com um sorriso irritado. Estou a meio do dia de trabalho, não ando no Facebook! A curiosidade falou mais alto e aberta a página desfaz-se-me o sorriso: morreu uma pessoa minha conhecida. Muito jovem, trintas e poucos, multiplicam-se os RIP's mas não se menciona a causa da morte.
Trocam-se mensagens, escritas, sublinho, mas não se fala. A páginas tantas os RIP's misturam-se com os LOL's, lembrando momentos da vida da rapariga. É comovente mas bizarro: todo o alvoroço é virtual (embora se anuncie o velório e a hora do funeral, amanhã), é muito estranha esta partilha de saudade, incómoda. As mensagens no mural da moça vão crescendo, página que se manterá, a menos que alguém lhe conheça as passwords, tal como a de um amigo, desaparecido há cerca de dois anos e cuja página no Facebook é uma pedra tumular onde todos deixam o que lhes apetece: flores, bonecos, abraços e beijos, mensagens de saudade.
O Facebook, que alguns usam como diário ao minuto - estou aqui, fui para ali, encontrei fulano, comentei o estado de beltrano, partilhei não sei o quê de sicrano, gosto disto, enfureço-me com aquilo, estou a ouvir esta música ou aquela, entre mil outras possibilidades de interacção - tornou-se também um local de culto dos que já morreram. Entre outras, é muito trabalho para os sociólogos... para mim é uma coisa fria, gelada, como a morte.

3 comentários:

  1. É suporte ou plataforma (para usar expressões correctamente repelentes) que não me seduz; apesar dos mais inuspeitos empurrões, duvido alguma vez vir a accionar.
    Para "comunicação", basta-me e já me sobrou (daí a moderação de comentários) a "parolice" do blogue.
    Estou velho (é um facto), doente, (embora com vigilância e controlo apertado), e vivo longe do mundo (no campo que vai dar à praia).
    Pelo que vou vendo e, sobretudo lendo de quem o accionou, o FB é promíscuo até à exaustão.
    Não é a promiscuidade que me repugna; é o anonimato

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  2. Sobre o anonimato digo-lhe que há momentos em que posso jurar estar a falar com um cão, talvez um gato... :)

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  3. É verdade que o FB é uma montra de futilidades. Ou pode ser uma coisa bem interessante. Depende de como cada um quiser construir o seu mural. Com a família e amigos ou com pessoas que coloquem coisas interessantes. Depois de anos exilado voltei a abrir a minha página. E tenho descoberto muita coisa interessante. Como gosto de fotografia o nome de novos nomes que outros me vão revelando tem sido bastante bom. Faço o meu mural como se fosse uma revista de actualidade editada por mim. Aceito amizades de todos. Mas se depois não me visitam vai borda fora. Para quê pedir amizade se depois não visitamos o mural da pessoa? Só para ter mais um "amigo" na nossa lista? Não obrigada. Não sirvo para fazer número. E com esta forma de estar no FB tenho-me dado bem. Sabendo sempre que a palavra amigo está ali por engano. Gostava que pessoas que conheci e que pela distância que nos separa pudessem estar no meu mural. Preferem ter o seu blogue meterem-se nessas andanças. Escolhas. Quem quiser aparecer que apareça e traga um amigo também. Mas apareça, nem que seja de vez em quando.

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