quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O meu silêncio

Tenho um trabalho para terminar e muitos outros na fila de espera. Levanto-me a meio da noite e chego às cinco e meia da manhã ao palácio onde passo os dias.
Eu sei, eu sei, sou uma triste, não tenho mais nada para fazer... ou não... ou gosto muito do que faço e estou a ralar-me para coisas como os horários, ou tenho ritmos diferentes, ou ninguém tem nada a ver com o que faço de noite.
O segurança está fora do portão. Estranho... É novo, não o conheço, nem ele a mim. Identifico-me, digo-lhe que confirme na lista que tem na sua secretária e peço-lhe a chave do meu serviço. Explica-me que o quadro da electricidade estourou, não há luz, ele apanhou um grande susto, pensou estarem a roubar a caixa multibanco, paredes meias com o seu gabinete.
Já ligou à EDP que só vem quando o electricista da empresa estiver presente pois o quadro tem fases de alta tensão. Pensei na Síria, mas não disse nada ao rapaz não fosse ele pensar que eu era uma terrorista.
É curioso como é impossível mandar nos pensamentos e nos cruzamentos que fazem, as ligações, os links, em linguagem moderna.
Movem-se como querem, com explicações imediatas, aparentes, sem explicações nem contextos plausíveis à primeira vista, muitas vezes, nem à segunda ou terceira.
Por isso não falei na Síria quando o rapazito contava o estouro do quadro eléctrico. 

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