Era uma vez uma mãe de família cujo vencimento ao fim do mês era o único sustento lá de casa; dois filhos pequenos e marido desempregado faziam-na tremer de receio por cada novo dia, e se alguém adoece, e se eu adoeço?, pensava ela.
Não obstante o peito apertado, ia todos os dias para o trabalho com um sorriso e era conhecida como pessoa que dava, sem pedir. Boa ouvinte, atenta com os outros, boa profissional, diziam as colegas.
Porém, a rapariga não fazia o que gostava, não aplicava o que estudara, todo o espaço era pouco para quem sonhava andar pelos campos, para quem tinha ambição de ver crescer o milho, de controlar as cheias do rio, de o desviar se necessário for, de acompanhar e cuidar dos animais, para quem tinha vocação de se ocupar da natureza viva.
Sem outro remédio, ia executando o que lhe pediam, entre papéis e computadores, sistemas informáticos que o ministério distribuiu e que deviam ser usados.
Assim, o tempo passava deitado numa rotina que nada previa que se alterasse, até que um dia...
Um dia chegou um cliente dos serviços onde a rapariga trabalhava e disse-lhe que a observava há algum tempo, que apreciava a sua maneira de ser, que sabia das suas habilitações e que lhe propunha ir trabalhar para a sua empresa.
O homem era conhecido em toda a região como um proprietário agrícola abastado, pessoa calma e ponderada e um dos clientes mais estimados daquele serviço. A rapariga nem queria acreditar que a conversa era com ela e sentiu-se em plena disneyândia quando ele disse que lhe duplicava o ordenado e lhe dava um carro apropriado para andar no campo, que ela podia usar na sua vida particular.
É brincadeira, verdade? Não, é a sério. Papéis assinados, tudo tratado, alegria e felicidade transbordantes, a rapariga ainda nem acredita que lhe saiu a lotaria.
Num último acto de lealdade para com a empresa, na qual ainda ficará uns dias, assim foi acordado, e para com os restantes companheiros de trabalho, no dia que comunica formalmente a sua decisão de abandonar o lugar, pede para falar com o responsável máximo que lhe concede tempo do seu.
Imperturbável e com um grande equilíbrio de postura e de linguagem expõe os problemas do serviço com a maior clareza possível, problemas esses, alguns deles, não resolvidos por inércia superior, indiferença, receio de injustiçar amigos e compadres, cuja acção é prejudicial à empresa mas, cuja influência, a podia colocar ao lado do marido no desemprego, se ela, ou outro alguém, resolvesse pôr os pontos nos is, ainda que alegando o superior interesse da própria empresa.
Foi ouvida, pediram-se provas, foram entregues, a vida continua mas com outro rumo. Perante o óbvio escarrapachado diante dos olhos, não podia ser de outra forma.
Afinal, o bem existe e anda por aí. Parabéns e muitas felicidades R.
Não obstante o peito apertado, ia todos os dias para o trabalho com um sorriso e era conhecida como pessoa que dava, sem pedir. Boa ouvinte, atenta com os outros, boa profissional, diziam as colegas.
Porém, a rapariga não fazia o que gostava, não aplicava o que estudara, todo o espaço era pouco para quem sonhava andar pelos campos, para quem tinha ambição de ver crescer o milho, de controlar as cheias do rio, de o desviar se necessário for, de acompanhar e cuidar dos animais, para quem tinha vocação de se ocupar da natureza viva.
Sem outro remédio, ia executando o que lhe pediam, entre papéis e computadores, sistemas informáticos que o ministério distribuiu e que deviam ser usados.
Assim, o tempo passava deitado numa rotina que nada previa que se alterasse, até que um dia...
Um dia chegou um cliente dos serviços onde a rapariga trabalhava e disse-lhe que a observava há algum tempo, que apreciava a sua maneira de ser, que sabia das suas habilitações e que lhe propunha ir trabalhar para a sua empresa.
O homem era conhecido em toda a região como um proprietário agrícola abastado, pessoa calma e ponderada e um dos clientes mais estimados daquele serviço. A rapariga nem queria acreditar que a conversa era com ela e sentiu-se em plena disneyândia quando ele disse que lhe duplicava o ordenado e lhe dava um carro apropriado para andar no campo, que ela podia usar na sua vida particular.
É brincadeira, verdade? Não, é a sério. Papéis assinados, tudo tratado, alegria e felicidade transbordantes, a rapariga ainda nem acredita que lhe saiu a lotaria.
Num último acto de lealdade para com a empresa, na qual ainda ficará uns dias, assim foi acordado, e para com os restantes companheiros de trabalho, no dia que comunica formalmente a sua decisão de abandonar o lugar, pede para falar com o responsável máximo que lhe concede tempo do seu.
Imperturbável e com um grande equilíbrio de postura e de linguagem expõe os problemas do serviço com a maior clareza possível, problemas esses, alguns deles, não resolvidos por inércia superior, indiferença, receio de injustiçar amigos e compadres, cuja acção é prejudicial à empresa mas, cuja influência, a podia colocar ao lado do marido no desemprego, se ela, ou outro alguém, resolvesse pôr os pontos nos is, ainda que alegando o superior interesse da própria empresa.
Foi ouvida, pediram-se provas, foram entregues, a vida continua mas com outro rumo. Perante o óbvio escarrapachado diante dos olhos, não podia ser de outra forma.
Afinal, o bem existe e anda por aí. Parabéns e muitas felicidades R.
Sem comentários:
Enviar um comentário