Este livro propõe uma
viagem ao fim da vida da monarquia portuguesa, num momento em que as dificuldades
respiratórias são já aflitivas, no seio de um quadro clínico alterado e sem
cura.
Jean Pailler,
escritor, historiador e tradutor, viveu a época da revolução de Abril na
embaixada de França em Lisboa, tendo sido seduzido por Portugal, que retrata em
livro por diversas ocasiões, para além de ser tradutor de génios da nossa
literatura, como Eça de Queiróz.
A estória mistura-se
com a história e advertem-nos para o facto de o enredo ser ficção e não fruto
de investigação histórica.
Leve, muito leve,
entretém mas não encanta, as ligações ao estrangeiro não convencem, a Carbonária
passa para cá e para lá como dama em passeio, e a polémica sobre a bala que matou Buiça não ser de arma usada pelas forças policiais portuguesas da época é
sugerida sem grandes explicações. São observações apenas, uma vez que o livro é
mais dedicado ao romance entre o príncipe e a brasileira do que à política.
Por seu lado o
trabalho do revisor Henrique Tavares e Castro não ajuda e permite que se verifiquem
inúmeras gralhas, repetição de palavras e, por exemplo, na página 51
encontramos um embatese num muro e na
113 há uma imdemnização.
A tradução, da dupla
Irene e Nuno Daun e Lorena, também podia ter tido algum cuidado, por exemplo,
na confusão entre cognome e alcunha, na página 115 ou em fazer
aparecer um valete na 119.
Sem certezas, ficam-me
as dúvidas sobre os 45 minutos de Sintra a Lisboa feitos num automóvel em 1907.
O rei fazia-se conduzir num Peugeot de 18 cavalos, que vinha lotado… bem,
mandemos esta para trás das costas.
Por outro lado, uma
das personagens é-nos apresentada como sendo riquíssima, mais até que o próprio
rei de Portugal. Ora, na página 101 este mesmo homem, dono de fortunas
colossais no Brasil, habituado às lides cortesãs apresenta-se diante da rainha
com um fato alugado, razão pela qual lhe estava apertado…
Pergunto-me a mim própria
por que razão estas coisas me fazem desinteressar da leitura e não encontro
resposta, mas o certo é que me fazem perder o interesse, principalmente se a
narrativa se me apresentar com cariz histórico, mesmo que ma anunciem fictícia.
Estes pormenores, para
alguns, não têm qualquer importância e os valores do todo levantam-se mais
alto; para mim funcionam como grãos na engrenagem da leitura e espantam-me como
me espantaria se numa descrição sobre australopitecos um deles perguntasse as
horas a um transeunte.
A tragédia da rua do Arsenal, foi editado
pela Planeta Manuscrito e li a edição de 2010.
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