Independentemente de aqui
aparecerem textos novos todos os dias ou não, não se passa um dia sem que dê ao
dedo. É uma coisa visceral, ler e escrever.
Já desisti de tentar editar
seja o que for, e embora continue a escrever romances, guardo-os, como guardo
as famosas botas que já correram mundo. Um dia ficarão para alguém que lhes dará
o fim que entender e como escrevo como se fosse uma impressora das mais básicas,
apenas de um dos lados, sempre se pode usar o outro lado como papel de rascunho.
Já esqueci as incitações dos
amigos que me chagam para que edite a estória de Carmem, as colecções de mini
contos, os livros infantis ou A rapariga
que não gostava de livros com as capas dobradas, completo, do qual há por
aqui vários capítulos.
Sobre esta matéria quero
aproveitar para agradecer a todos os que me escrevem a pedir o final e informar
que falta muita coisa pelo meio.
Porque se sente esta
necessidade de partilha? De querer que outros estejam connosco nesta coisa que é
escrever e ler? Neste casamento tão perfeito que até a perfeição o inveja?
A escrita é uma forma de dádiva,
e não me refiro ao saber escrever, mas ao acto de dar aos outros. No meu caso,
no deste blog em concreto, é uma necessidade de partilhar sim, mas também de rever
o dia-a-dia, as relações entre as pessoas, de apanhar situações que me fazem
rir, pensar e reflectir, reclamar, emocionar, recordar, e tudo em público, de
forma aberta e partilhada.
Não deixo de me rir quando me
dizem que o Areia às Ondas é um reality
show com a diferença que não é em directo… Sim, é um diário que é lido aqui
em Portugal, mas também em Macau e na Argentina, em Angola e no Brasil, na
Noruega e nos Estados Unidos, em Israel e na Alemanha, na Dinamarca e na Coreia
e, não sei dizer porquê, com imensas visitas originárias da Rússia.
Mencionei apenas os países que
registam um maior número de pegadas neste areal, mas outros há, e que aqui não
se leia qualquer desprezo, qualquer preferência da quantidade sobre a
qualidade. Por exemplo, veio de Espanha a mensagem mais engraçada que já aqui
recebi, da Venezuela um pedido para reproduzir textos, do Chile, ai o Chile, um
dia vou ser tão feliz no Chile, um abraço enviado por que si, como dia o remetente.
Curiosamente, ou não, de
Portugal vieram dois pedidos, dois, para retirar textos. Que não eram
verdadeiros, que ofendiam, que devia ter cuidado com a prosa. Falo agora desde
assunto pela primeira vez pois a importância que lhes dei foi nula e a única
cosia que apaguei foi um comentário, de um amigo, que escreveu o meu nome e fez
várias referências pessoais, desnecessárias na minha opinião, e assim lho
comuniquei quando retirei o comentário.
Tem havido interacções
directas com portugueses, que muito prazer me dão, desde logo com um certo ladrão
de livros que se deu ao trabalho de vir a Lisboa conhecer-me; com um leitor a
quem eu emprestei um livro meu – contra todas as minhas regras!; com autores de
livros que leio; com pessoas simpáticas que me dão o prazer de enviar umas
linhas – por exemplo a dizer Boas Festas.
De todos, realço uma visita
quotidiana, uma amizade de muitos anos, uma pessoa que vive sempre comigo
embora a sua natureza de cidadão de mundo, e o asco pelo Portugal que temos, o
leve a constantes viagens por esse planeta fora, o V.
A todos agradeço o acompanhar neste percurso.
Feliz Ano Novo amiga. E um obrigado por esta casa de passagem diária.
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