segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

FNAC: Festival Não À Cultura!

Estimada Dona Fnac
Sou sua cliente pontual, talvez reconheça o número do meu cartão multibanco, de quando pago as minhas compras.
Escrevo-lhe para a alertar sobre um engano cometido pelo vosso departamento de publicidade e marketing. Já pensei em fazê-lo várias vezes, quando colocam livros de Arte na Floricultura, porque na capa está uma planta, engano muito legítimo, e culpa do Autor que escolheu uma capa em nada adequada ao conteúdo e, que pensa ele?, que os seus funcionários estão aí para terem o trabalho de saberem o que está dentro dos livros? Ora esta…; ou quando os mesmos funcionários informam que determinados livros estão esgotados no Editor, logo não podem fazer a encomenda e, coincidência, quem faz a pergunta, ali de carninha e ossinho, é o próprio Editor…; ou ainda quando pedimos uma edição em língua inglesa e os mesmos funcionários nos perguntam – muito legítimo! – se há a portuguesa, para que quero eu a inglesa…?
Mas sabe Dona Fnac, este engano em particular pode ser confundido com ignorância total da sua parte, o que está completamente fora de causa, como é óbvio.
Refiro-me à publicidade onde se lê Troque os Maias pela Meyer e, devo frisar, a ideia de brincar com as iniciais dos nomes, é genial, brilhante, épica! Nunca alguém se lembraria duma coisa assim e está visivelmente de parabéns. Imagino que tenha sido uma gralha da gráfica pois não me ocorre que o pedido tenha seguido assim, pois os Maias, embora português, é ouro puro, e a Meyer é sangue estragado, não serve para transfusões, cabidela, chouriços de sangue, sarapatel, surraburra, ou outros fins; o que fica, a essência que permanece, é uma grande nódoa, dificílima de tirar.
Além disso, Senhora Dona Fnac, será que a cultura se renova mesmo? Depende da cultura, verdade? A sua é a cultura do cifrão e acredito que se renove, mas na minha perspectiva quando fala em renovar, refere-se a trocar, a substituir e pede-me que troque um grosso cordão de ouro por uma imitação de bugiganga, pede-me que troque uma garrafa de água cristalina por um bidão de água pantanosa.
Eu até gosto de mostrar a minha boa vontade e não me importava de participar na sua campanha, mas não tenho por hábito nem deitar fora restos de arroz, muito menos o conteúdo da minha caverna de Ali Babá, logo não tenho nada para a troca… além disso, teria que pagar com notas do Monopólio, sabe, é que são as únicas que estão à altura da presente proposta.
Cordialmente
Areia às Ondas

1 comentário:

  1. Os seus dois últimos parágrafos são de fazer corar (se ainda é possível) os iluminados que se têm debrufacebookeado por aí
    Abraço

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