As manhãs do fim-de-semana foram passadas a caminhar, auscultadores nos ouvidos, para me actualizar na música que o Duarte ouve. Domingo à tarde fui ao cinema. Péssima ideia, péssima…
Fiquei na terceira cadeira a contar da coxia e os dois lugares antes eram ocupados por um casal entre os cinquenta e os sessenta anos. Enquanto a sala se enchia e acomodava a senhora falava baixo com o marido e perguntava-se porque razão é que as pessoas não chegam a horas e têm que estar a incomodar os que estão sentados, parecendo que os últimos são sempre os que ocupam os lugares do meio das filas.
Às tantas entrou um bando de jovens – certamente atraídos pela publicidade das belas paisagens do Havai e que, pessoalmente, não achei que fossem exploradas como badalaram – e a senhora, vendo entrar as gargalhadas e a descontracção, comentou que era por aquilo que gostava de ir ao cinema à noite.
Eu nem olhava para eles mas ia concordando mentalmente e registei que o casal não tinha pipocas, coca-colas ou quejandos, tal como eu, que apenas me munira em casa da eterna garrafa de água.
Todas as apresentações foram passadas em silêncio, ninguém percebeu porquê, o que realçava o barulho da sala e me fazia aborrecer. No último minuto, já com os Marretas no ecrã, para fazer ver a todo aquele púbico que quem atende telefones, envia mensagens ou incomoda os outros é um Marreta a abater, lá veio o som, o Clooney, a água transparente, uma ou outra paisagem mais de fazer água na boca, as rebeldias das filhas e a incapacidade do pai lidar com elas. E, estranhamente, como resquício do início da sessão ficou a senhora a meu lado a falar com o marido, a aclarar a garganta – movimento ainda mais irritante quando o marido fazia coro com ela! – a ver mensagens acabadas de receber no telefone e a explicar ao marido o que ia acontecendo quando ele dizia, com o ar mais normal do mundo e típico do sofá da sala ‘Agora não percebi’, como se a trama fosse sobre engenharia nuclear.
A estas horas já eu tinha olhado para ela fixamente duas ou três vezes o que a fez remexer-se na cadeira.
Para animar ainda mais um cavalheiro três ou quatro filas acima dava gargalhadas épicas em todas as cenas tristes do filme, o que fazia várias filas inteiras esticarem o pescoço para trás em sintonia para ver de onde vinha a alarvidade.
Quando o filme acabou olhei a senhora fixamente de novo e esperei que me perguntasse o que queria para que lhe respondesse que pretendia fixar a cara dela para nunca mais me sentar a seu lado no cinema. Mas ela baixou os olhos e saiu apressada, arrastando o marido.
Vivam as sessões da meia noite!
Fiquei na terceira cadeira a contar da coxia e os dois lugares antes eram ocupados por um casal entre os cinquenta e os sessenta anos. Enquanto a sala se enchia e acomodava a senhora falava baixo com o marido e perguntava-se porque razão é que as pessoas não chegam a horas e têm que estar a incomodar os que estão sentados, parecendo que os últimos são sempre os que ocupam os lugares do meio das filas.
Às tantas entrou um bando de jovens – certamente atraídos pela publicidade das belas paisagens do Havai e que, pessoalmente, não achei que fossem exploradas como badalaram – e a senhora, vendo entrar as gargalhadas e a descontracção, comentou que era por aquilo que gostava de ir ao cinema à noite.
Eu nem olhava para eles mas ia concordando mentalmente e registei que o casal não tinha pipocas, coca-colas ou quejandos, tal como eu, que apenas me munira em casa da eterna garrafa de água.
Todas as apresentações foram passadas em silêncio, ninguém percebeu porquê, o que realçava o barulho da sala e me fazia aborrecer. No último minuto, já com os Marretas no ecrã, para fazer ver a todo aquele púbico que quem atende telefones, envia mensagens ou incomoda os outros é um Marreta a abater, lá veio o som, o Clooney, a água transparente, uma ou outra paisagem mais de fazer água na boca, as rebeldias das filhas e a incapacidade do pai lidar com elas. E, estranhamente, como resquício do início da sessão ficou a senhora a meu lado a falar com o marido, a aclarar a garganta – movimento ainda mais irritante quando o marido fazia coro com ela! – a ver mensagens acabadas de receber no telefone e a explicar ao marido o que ia acontecendo quando ele dizia, com o ar mais normal do mundo e típico do sofá da sala ‘Agora não percebi’, como se a trama fosse sobre engenharia nuclear.
A estas horas já eu tinha olhado para ela fixamente duas ou três vezes o que a fez remexer-se na cadeira.
Para animar ainda mais um cavalheiro três ou quatro filas acima dava gargalhadas épicas em todas as cenas tristes do filme, o que fazia várias filas inteiras esticarem o pescoço para trás em sintonia para ver de onde vinha a alarvidade.
Quando o filme acabou olhei a senhora fixamente de novo e esperei que me perguntasse o que queria para que lhe respondesse que pretendia fixar a cara dela para nunca mais me sentar a seu lado no cinema. Mas ela baixou os olhos e saiu apressada, arrastando o marido.
Vivam as sessões da meia noite!
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