segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O mundo numa casa de banho

Quando andava no liceu e estudei alguns clássicos portugueses fiquei danada com Almeida Garrett. Segundo a professora as Viagens na Minha Terra foram escritas sem sair do quarto!
A minha ansiedade por ler um livro que tinha a palavra 'viagens' no título era grande e fiquei sempre com a sensação de fraude. Odeio a Joaninha desde essa altura...
Agora tenho um mapa do mundo na minha casa de banho, cortesia dos meus sobrinhos no Natal, e podemos abrir a torneira com um olho na Sibéria, tomar duche e molhar o deserto do Sahara, lavamos os dentes sob a supervisão do Alaska e fazemos tudo o que se faz numa casa de banho com o mundo a olhar-nos.
Como é que uma coisa tão simples pode fazer os dias começarem de forma diferente? E por diferente leia-se, melhor! Ver o mundo num quadrado de três por três metros dá-nos uma sensação de poder, como se pudesse decidir que quando abro a porta daquele minúsculo compartimento posso ir a qualquer daqueles sítios... Só não percebo porque escolho sempre o mesmo... Lisboa, ali a meia dúzia de passos do Marquês de Pombal.
O que teria escrito Garrett se tivesse uma cortina de duche como nós?

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