Há dias ajudei uma amiga a fazer um trabalho sobre as razões da mudança semestral das horas, em Março e em Outubro. Mais tempo útil diurno, poupança energética, maior uso de energia solar, coisas de somenos importância quando comparadas com a possibilidade de estarmos mais tempo nas esplanadas ao fim do dia.
Andamos ao toque dos relógios atómicos que se escondem em bunkers por essa Europa fora, todos os países os têm, e são eles que dizem a hora certa.
Em finais do século XVIII Benjamin Franklin pôs-se a fazer contas – três vez nove, vinte e sete, noves fora nada… - e deu conta da possibilidade de se pouparem toneladas de cera de vela se se mexessem nos relógios.
Hoje em dia, para além de estar provado que há menos criminalidade durante a hora de Verão, e os dias serem maiores dando mais oportunidades à execução de tarefas como passar a ferro ou varrer a casa, há a questão da Bolsa… abrir e fechar a Bolsa sem ser à hora certa pode dar origem a prejuízos de alguns milhões. Assim, bancos, transportes e empresas várias andam direitos que nem fusos, à espera da badalada que os porá a correr, como tiro de partida.
É tanto assim que a velha e boa Samoa, a querida Samoa, através do seu querido e nada controverso governante Tuilaepa Sa'ilele Malielegaoi, Tutu para os amigos, desistiu do dia 30 de Dezembro para alinhar os negócios com a Austrália e Nova Zelândia. Assim passaram de 29 para 31 de Dezembro, eles que ficam ali ao lado, mas cujo fuso horário os deixou um dia no século passado quando os vizinhos do lado já cantavam as glórias do século actual. Está mal, isto não se faz! Há algum tempo, o mesmo governante decidira passar a conduzir à esquerda para facilitar o aumento da importação de carros e parece que aumentou também a sinistralidade rodoviária, mas isso é outra conversa.
A Samoa faz-me lembrar Santo Aleixo da Restauração, aldeia do Baixo Alentejo, que consta no obelisco da Praça dos Restauradores, em Lisboa, como tendo tido importante participação nas guerras da altura, quando ganhou o apelido ‘da Restauração’.
Reza a lenda que se preparava o padre para dar a bênção num casório quando se anunciam tropas inimigas nos arrabaldes de Santo Aleixo. A sede de concelho, Moura, ficava a mais de duas dezenas de quilómetros, mas era preciso ser avisada da proximidade dos meliantes.
Monta-se a noiva a cavalo e manda-se a Moura com as terríveis notícias; encerram-se as mulheres na igreja e ficam os homens de fora a dar luta aos castelhanos, sabendo que não os venceriam, mas que o atraso provocado seria suficiente para Moura se preparar. E assim foi. Morreram todos ou quase todos na vida real mas ficaram eternamente na História.
Mas Santo Aleixo não faz lembrar a Samoa pelas glórias militares: reza outra lenda que durante anos o mês de Abril trouxe ventos e chuvas tais que deu cabo das colheitas. A coisa foi de tal forma que os habitantes se recusaram até a dizer o nome do mês, enunciando as crianças na escola os meses da seguintes forma: Janeiro, Fevereiro, Março, o mês que não se diz, Maio, e por aí fora.
Há uma outra lenda que diz que a Rowling se inspirou aqui para criar o mito do Voldemort, aquele-cujo-nome-não-se-pode-dizer, mas não se confirmou nada até agora.
Mas o medo de Abril era tal que até se conta uma historieta segundo a qual ia uma família cigana com muitos filhos pela estrada fora e pediram boleia a um homem que viajava num carro de burro. O homem assentiu e todos subiram à excepção dum ciganito que, de tão pequeno, não conseguia erguer-se para entrar no carro. Um dos irmãos incentivou-o dizendo:
- Força Abrilito, força!
O dono do carro ouviu aquilo e quis saber o nome do gaiato. Quando lhe confirmaram que era Abril correu com eles todos do carro!
Abril voltou a entrar no vocabulário de Santo Aleixo com o 25 de Abril… com tanto mês, logo tiveram que escolher aquele mas, por outro lado, acabou com o estigma de os habitantes serem conhecidos como tendo um mês de atraso, coisa com que eram atormentados por todas as terras ali ao redor, que não perdiam oportunidades de o lembrar.
Assim, se Santo Aleixo viveu durante anos com um mês de atraso porque não pode a Samoa passar a viver com um dia adiantado? Além disso o novo fuso horário não foi escolhido numa base de ita nuita, ita noá, quem está livre, livre está e sim devido ao fomento de relações comerciais com vizinhos que não eram parceiros por incompatibilidade de calendário. Ali sim, via-se o dia de amanhã quando os samoanos olhavam na direcção da Austrália e os australianos miravam o passado quando visitavam a Samoa. Mais ainda, conseguiram um feito notável, eles que eram os últimos a passar de ano, agora inverteram a coisa!
É ou não verdade que os últimos serão os primeiros?
Andamos ao toque dos relógios atómicos que se escondem em bunkers por essa Europa fora, todos os países os têm, e são eles que dizem a hora certa.
Em finais do século XVIII Benjamin Franklin pôs-se a fazer contas – três vez nove, vinte e sete, noves fora nada… - e deu conta da possibilidade de se pouparem toneladas de cera de vela se se mexessem nos relógios.
Hoje em dia, para além de estar provado que há menos criminalidade durante a hora de Verão, e os dias serem maiores dando mais oportunidades à execução de tarefas como passar a ferro ou varrer a casa, há a questão da Bolsa… abrir e fechar a Bolsa sem ser à hora certa pode dar origem a prejuízos de alguns milhões. Assim, bancos, transportes e empresas várias andam direitos que nem fusos, à espera da badalada que os porá a correr, como tiro de partida.
É tanto assim que a velha e boa Samoa, a querida Samoa, através do seu querido e nada controverso governante Tuilaepa Sa'ilele Malielegaoi, Tutu para os amigos, desistiu do dia 30 de Dezembro para alinhar os negócios com a Austrália e Nova Zelândia. Assim passaram de 29 para 31 de Dezembro, eles que ficam ali ao lado, mas cujo fuso horário os deixou um dia no século passado quando os vizinhos do lado já cantavam as glórias do século actual. Está mal, isto não se faz! Há algum tempo, o mesmo governante decidira passar a conduzir à esquerda para facilitar o aumento da importação de carros e parece que aumentou também a sinistralidade rodoviária, mas isso é outra conversa.
A Samoa faz-me lembrar Santo Aleixo da Restauração, aldeia do Baixo Alentejo, que consta no obelisco da Praça dos Restauradores, em Lisboa, como tendo tido importante participação nas guerras da altura, quando ganhou o apelido ‘da Restauração’.
Reza a lenda que se preparava o padre para dar a bênção num casório quando se anunciam tropas inimigas nos arrabaldes de Santo Aleixo. A sede de concelho, Moura, ficava a mais de duas dezenas de quilómetros, mas era preciso ser avisada da proximidade dos meliantes.
Monta-se a noiva a cavalo e manda-se a Moura com as terríveis notícias; encerram-se as mulheres na igreja e ficam os homens de fora a dar luta aos castelhanos, sabendo que não os venceriam, mas que o atraso provocado seria suficiente para Moura se preparar. E assim foi. Morreram todos ou quase todos na vida real mas ficaram eternamente na História.
Mas Santo Aleixo não faz lembrar a Samoa pelas glórias militares: reza outra lenda que durante anos o mês de Abril trouxe ventos e chuvas tais que deu cabo das colheitas. A coisa foi de tal forma que os habitantes se recusaram até a dizer o nome do mês, enunciando as crianças na escola os meses da seguintes forma: Janeiro, Fevereiro, Março, o mês que não se diz, Maio, e por aí fora.
Há uma outra lenda que diz que a Rowling se inspirou aqui para criar o mito do Voldemort, aquele-cujo-nome-não-se-pode-dizer, mas não se confirmou nada até agora.
Mas o medo de Abril era tal que até se conta uma historieta segundo a qual ia uma família cigana com muitos filhos pela estrada fora e pediram boleia a um homem que viajava num carro de burro. O homem assentiu e todos subiram à excepção dum ciganito que, de tão pequeno, não conseguia erguer-se para entrar no carro. Um dos irmãos incentivou-o dizendo:
- Força Abrilito, força!
O dono do carro ouviu aquilo e quis saber o nome do gaiato. Quando lhe confirmaram que era Abril correu com eles todos do carro!
Abril voltou a entrar no vocabulário de Santo Aleixo com o 25 de Abril… com tanto mês, logo tiveram que escolher aquele mas, por outro lado, acabou com o estigma de os habitantes serem conhecidos como tendo um mês de atraso, coisa com que eram atormentados por todas as terras ali ao redor, que não perdiam oportunidades de o lembrar.
Assim, se Santo Aleixo viveu durante anos com um mês de atraso porque não pode a Samoa passar a viver com um dia adiantado? Além disso o novo fuso horário não foi escolhido numa base de ita nuita, ita noá, quem está livre, livre está e sim devido ao fomento de relações comerciais com vizinhos que não eram parceiros por incompatibilidade de calendário. Ali sim, via-se o dia de amanhã quando os samoanos olhavam na direcção da Austrália e os australianos miravam o passado quando visitavam a Samoa. Mais ainda, conseguiram um feito notável, eles que eram os últimos a passar de ano, agora inverteram a coisa!
É ou não verdade que os últimos serão os primeiros?
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