O metro não vai cheio mas eu não apanho lugar sentada. Atraco a mala bem no ombro, encaixo o saco com as panelas do almoço entre as pernas e puxo do livro. Ainda não tinha lido duas linhas quando me tocam no ombro, fazendo-me sinal para em sentar. Foi um rapaz com cerca de 30 anos que vejo ficar em pé.
Bem, pensei eu, agora já não sou confundida com uma grávida... por que raio me teria ele dado o lugar?
A trama do livro falou mais alto e embrenhei-me, esquecendo o meu benfeitor.
Duas ou três paragens adiante ele senta-se diante de mim. Fechei o livro e perguntei-lhe se me tinha dado o lugar só porque eu ia a ler. Atabalhoou palavras que não percebi e a seguir, em inglês, disse que não falava português. Sorri e repeti a pergunta em inglês, ao que ele respondeu com um Óbvio!
Expliquei-lhe que nunca tal me tinha acontecido e que estava muito sensibilizada: já era um grande aborrecimento dar o lugar a uma grávida, uma pessoa com um gaiato ao colo, um coxo ou um velho, para ainda se ter em consideração quem vai de livro aberto! Afinal, os leitores têm alternativa, ao contrário dos coxos ou dos velhos, e podem guardar o livro. Desta forma entram na alegre categoria de pessoas normais.
Ele riu-se e lá me contou que era siciliano, que era a primeira vez que vinha a Portugal e que já tinha estado no Porto, em Coimbra e guardara Lisboa para o fim. Contou também que lhe tinham falado muito de um tal Alentejo; confirmava eu que era belo e apetecível? Na minha opinião devia ficar mais um fim-de-semana para ir ver esse Alentejo?
Oh meu filho, a que porta vieste bater... pois se eu sou alentejana profunda!
Fechei definitivamente o livro nessa viagem e fomos a conversar, também sobre a Sicília onde nunca fui.
Quem diria que uma deslocação de metro tão calculada e repetida, se pode transformar numa viagem tão inesperada e simpática?
Bem, pensei eu, agora já não sou confundida com uma grávida... por que raio me teria ele dado o lugar?
A trama do livro falou mais alto e embrenhei-me, esquecendo o meu benfeitor.
Duas ou três paragens adiante ele senta-se diante de mim. Fechei o livro e perguntei-lhe se me tinha dado o lugar só porque eu ia a ler. Atabalhoou palavras que não percebi e a seguir, em inglês, disse que não falava português. Sorri e repeti a pergunta em inglês, ao que ele respondeu com um Óbvio!
Expliquei-lhe que nunca tal me tinha acontecido e que estava muito sensibilizada: já era um grande aborrecimento dar o lugar a uma grávida, uma pessoa com um gaiato ao colo, um coxo ou um velho, para ainda se ter em consideração quem vai de livro aberto! Afinal, os leitores têm alternativa, ao contrário dos coxos ou dos velhos, e podem guardar o livro. Desta forma entram na alegre categoria de pessoas normais.
Ele riu-se e lá me contou que era siciliano, que era a primeira vez que vinha a Portugal e que já tinha estado no Porto, em Coimbra e guardara Lisboa para o fim. Contou também que lhe tinham falado muito de um tal Alentejo; confirmava eu que era belo e apetecível? Na minha opinião devia ficar mais um fim-de-semana para ir ver esse Alentejo?
Oh meu filho, a que porta vieste bater... pois se eu sou alentejana profunda!
Fechei definitivamente o livro nessa viagem e fomos a conversar, também sobre a Sicília onde nunca fui.
Quem diria que uma deslocação de metro tão calculada e repetida, se pode transformar numa viagem tão inesperada e simpática?
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