Ontem de manhã o céu estava mesmo
sem vontadinha de nada, mal amanhou-se de cinzento-escuro e deixou a chuva
cabriolar um bocado em cima de uma mulher que caminhava de biquíni na praia, àgua
até aos joelhos, que as ondas fazem bem à circulação, e música a entrar-lhe
pelos ouvidos a dentro.
Com um podómetro pendurado no
soutien verificou que fez quase seis quilómetros e, terminada a marcha,
procurou um poiso firme e ali ficou a fazer exercícios de ginástica durante
mais trinta minutos.
Os transeuntes rareavam à
medida que a chuva engrossava mas lá iam passando apressados. Ela via-os a
olharem-na e sorria de braços abertos à chuva.
Num movimento em que virou o
torso para trás viu, num túnel que dá acesso à praia, meia dúzia de ciclistas,
protegidos da água, a olhá-la.
Sentiu-se uma sereia, a única
que não temia o mar, a chuva, o ar arrefecido. Sentiu-se dona daquela praia e
de todas as praias onde chovia naquele momento e de onde as pessoas fugiam.
Foi uma manhã de mar que me
soube a ginjas…
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