segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Manhã de mar


Ontem de manhã o céu estava mesmo sem vontadinha de nada, mal amanhou-se de cinzento-escuro e deixou a chuva cabriolar um bocado em cima de uma mulher que caminhava de biquíni na praia, àgua até aos joelhos, que as ondas fazem bem à circulação, e música a entrar-lhe pelos ouvidos a dentro.
Com um podómetro pendurado no soutien verificou que fez quase seis quilómetros e, terminada a marcha, procurou um poiso firme e ali ficou a fazer exercícios de ginástica durante mais trinta minutos.
Os transeuntes rareavam à medida que a chuva engrossava mas lá iam passando apressados. Ela via-os a olharem-na e sorria de braços abertos à chuva.
Num movimento em que virou o torso para trás viu, num túnel que dá acesso à praia, meia dúzia de ciclistas, protegidos da água, a olhá-la.
Sentiu-se uma sereia, a única que não temia o mar, a chuva, o ar arrefecido. Sentiu-se dona daquela praia e de todas as praias onde chovia naquele momento e de onde as pessoas fugiam.
Foi uma manhã de mar que me soube a ginjas…

Sem comentários:

Enviar um comentário