quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Praia das Rocas versus Chapinheiro


O anticiclone dos Açores não influencia as ondas das piscinas de Castanheira de Pêra mas precisava de fazer desaparecer as piscinas de ondas de Santarém.
O Complexo em Castanheira – Praia das Rocas - é maravilhoso: a envolvência natural, o rio que dá suporte ao lago onde navegam canoas e gaivotas em forma de cisnes gigantes, a ilha com palmeiras no meio da piscina, as casas para alugar com vista para a água e sem ferir o todo, a enorme quantidade de nadadores salvadores que se alinham com um pé quase dentro de água quando as ondas começam a subir (de hora a hora), o espaço enormíssimo, o preço (maravilhoso), as casas de banho impecáveis, o restaurante inacreditável (menus com hambúrgueres, batatas e sopa!), a possibilidade de se andar nos ditos cisnes e canoas e fazer rapel e saltos de elásticos e usar os insufláveis e experimentar uma prancha de surf, à maneira dos touros mecânicos, tudo por cinco euros e passível de repetir as vezes que se queira, as aulas de ginástica onde se dança com espaço sem incomodar o vizinho do lado.
A piscina das ondas propriamente dita (tudo é ligado, mas os espaços estão bem concebidos e individualizados com características próprias) é enorme e termina num areal onde as ondas morrem felizes.
Ali cabem todos: os mais corajosos bem lá ao fundo onde as ondas se transformam em vagalhões, os destemidos como eu que ficam a meio, e as crianças pequenas e todos os que não se sentem muito confortáveis podem ficar-se pelo local onde as ondas lhes batem suavemente nas pernas.
Como se tudo isto não fosse suficiente ainda há uma parte do complexo em anfiteatro que, estando virado para a água, mas permite fazerem-se espectáculos, no caso de magia, nos dois dias que lá estivemos.
Dormimos num dos veleiros que estão ancorados no lago para imensa alegria dos meus sobrinhos e foram duas noites para não esquecer: o pôr-do-sol com as hélices dos moinhos de vento ao longe, uma brisa frágil mas agradável, o barulhos das cordas e dos metais dos barcos, a água, o descobrir os segredos do barco, os jogos de cartas, as conversas, os planos, o balançar que nos adormeceu. Numa palavra: perfeito! Tudo por 90 € cada noite, estando as entradas no complexo de piscinas incluído.
Depois desta experiência, e passada ainda mais uma semana no Gerês, ouvimos falar de uma piscina de ondas em Santarém. Bora lá! A surpresa negativa foi enorme: é um cinco estrelas comparado com uma pensãozita…
A fila para entrar dava volta ao edifício. Compradas as entradas faz-se um percurso com passagem obrigatória pelos balneários que servem a piscina interior e onde todo o chão está encharcado, escorregadio e perigoso. Ninguém usa os balneários, logo o dito percurso faz-se calçado, deixando naquele mar com um centímetro de altura toda a porcaria possível e imaginária.
No complexo exterior cada piscina é isolada das outras: ondas, piscina livre, à falta de termo melhor, que liga a um jacuzzi, escorregas que terminam num tanque e piscina para crianças, a que foi dado o nome de chapinheiro, nome que diz tudo…
A piscina das ondas é uma banheira comparada com a de Castanheira e a piscina livre é um tanque grande onde só se pode estar porque não há espaço para nadar, mergulhar, nada.
A água transparente e as ondas que pareciam enormes bocados de gelatina verde onde mergulhámos, não tinham qualquer parentesco com a água esbranquiçada que agora se oferecia aos nossos olhos.
As pessoas ficam num relvado molhado que deixa as toalhas cheias de marcas de lama, distante de todas as piscinas, ao contrário de Castanheira onde as pessoas se alinham no redondel da própria piscina, sempre à beira da água.
Se quase se podia comer no chão das casas de banho em Castanheira, em Santarém davam vótimos: os lavatórios entupidos, as sanitas entupidas e cheias de papel e, pior que tudo, fezes no chão, chão esse encharcado e cuja água, seja através dos pés das pessoas, seja por ser em demasia, está em comunicação directa com as piscinas…
E foi assim que na primeira visita à casa de banho, vislumbrando tal panorama, agarrámos na tralha e fomos embora, não sem antes pedir o livro de reclamações.
O responsável que nos deu o livro não sabia ao certo a lotação, que não estava afixada em lado algum, o que é obrigatório. Segundo o computador, o número de pessoas que estava naquele momento na piscina, era quase o da suposta lotação, sendo que já tinha saído imensa gente.
Alegaram que não é fácil limpar casas de banho com tantas pessoas, o que se não fosse ridículo daria vontade de rir. Quando falámos em perigo para a saúde pública parecia que nos estávamos a referir a satélites de um planeta noutra galáxia.
Os preços são mais elevados em Santarém do que na Praia das Rocas, mas não é isso que nos faz não querer ouvir falar de um local e desejar regressar a outro, é que o muito mau é para esquecer e o muito bom faz-nos sonhar e queremos sempre voltar onde fomos felizes.

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