Baku chama-me. Chama-me com
tal força e intensidade que, sem nunca a ter visto, sinto-lhe a falta, dói-me a
inexistência de contacto físico.
Olivier Rolin, que igualmente
me desconhece, escreveu para mim, em forma de chamamento, em letra de grito, de
apelo: Baku, últimos dias foi leitura
de férias, como quem lê notícias de casa, e se as primeiras palavras fossem Querida Areia às Ondas, eu não
estranharia.
Acompanho Olivier como um dos
fantasmas do filme Asas do Desejo, porém, não estou morta, estou muito viva e
com ânsia de Baku. Neste livro reencontro Ali
e Nino de Kurban Said, como quem encara com as neves do Kilimanjaro quando
vai ao Kilimanjaro. Volta a mim O Orientalista (obrigada V.!) que adorei.
Baku, últimos dias é literatura de viagens e o
plural de viagens é dito com propriedade pois são muitas e múltiplas,
simultâneas e em diferido, todas as que se encontram neste livro impecável, sem
gralhas, com um papel belíssimo, perfeito espaçamento entre linhas, fonte
adequada, margens a condizer: é um objecto de culto por dentro e por fora.
Que Azarbeijão é aquele de
Baku nos dias de hoje, que nos remete para um ontem que está tão presente? Que mar
é o Cáspio que lambe esta preciosidade persa? Quem é Baku no seu todo, que
sinto como uma pessoa? Não sei… mas vou saber.
Edição da Sextante. Irrepreensível.
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