A propósito do fim dos saldos, que foi ontem, e do início das promoções, que é hoje, ouvi no rádio que desde o Natal se tem verificado um número assustador de encerramento de portas no comércio em Portugal. Muito provavelmente é a minha estupidez natural a falar, mas eu não compreendo é como é que elas abrem…
Com tanto centro comercial, com tanta loja chinesa, com tantos mercados de rua, a perspectiva de abrir uma loja, fosse do que fosse, assustar-me-ia. Perto do meu local de trabalho há um espaço que já viu vários proprietários, vários ramos, embora todos dentro dos ‘trapos’: de criança, de mulher e, dentro desta roupa específica, de vários géneros. Já aqui falei sobre ela por causa dos preços loucos que fazem concorrência com as lojas de griffe da avenida da Liberdade e com os das lojas em Sunset Boulevard, num local de passagem de pessoas com condição social média baixa. Confesso a minha estupefacção pela teimosia da abertura de novas lojas e não pelo fecho.
O mercado onde compro muita da roupa que uso tem peças lindíssimas e boas e é lá que abasteço a minha febre de sapatos, que podem variar entre 1 e 10 euros o par! É claro que a Zilian tem sapatos de sonho, mas vou sonhando com eles e comprando no mercado do Algueirão, pois assim posso ter vinte pares… ou mais…
A irrealidade de muita boa gente que vai abrindo lojas confunde-me: nenhuma delas vende água de coco no deserto, são iguais umas às outras e, se houver destaque, é por terem preços mais altos que as concorrentes! Alguém me explica isto? Não percebo como nascem ilusões na cabeça das pessoas que as fazem crer que a sua loja terá sucesso, só porque gostam de ter uma loja e criaram as condições para a abrir; para a abrir, mas poucos se preocupam em criar condições para a manter aberta.
O Público de hoje trás uma revista com o sugestivo título Portugal Inovador. Todos os exemplos, desde a medicina aos cabeleireiros, passando pela gestão de restaurantes de fado, têm um investimento que vai muito para além da ideia genial de abrir uma loja de trapos que vai ter coisas lindas de morrer… de morrer sim, economicamente falando.
As fábricas que ontem empregavam os nossos pais que vinham das terrinhas com uma mão à frente e outra atrás, fascinados e medrosos com a grande cidade, são hoje os call centers, os centros comerciais, os balcões de atendimento. Não são cinzentos como o fumo fabril pois as cores da publicidade emolduram-nos e as novas visões do mundo actual retiraram-lhes a perspectiva da sujidade associada às fábricas que produziam unhas negras e mãos encardidas.
Todos se queixam que não há emprego e lá acabam por aceitar um lugar nestas novas fábricas, percebendo que a licenciatura afinal não era o passaporte que julgavam ser, pois ainda não perceberam que as regras mudaram e que é necessário começar a trabalhar cada vez mais cedo para que a experiência acumulada, junta com as habilitações conquistadas e com um futuro repleto ad eternum de formação, lhes proporcione um lugarzinho ao sol. E quem não quiser e não gostar, uma vez que não pode dizer que, se é assim, então não brinco, e não podem voltar para o quentinho do ventre materno, vai continuar a andar a vida inteira à procura de emprego – à procura de trabalho há poucos. Espero que não se lembrem de abrir muitas lojas.
Com tanto centro comercial, com tanta loja chinesa, com tantos mercados de rua, a perspectiva de abrir uma loja, fosse do que fosse, assustar-me-ia. Perto do meu local de trabalho há um espaço que já viu vários proprietários, vários ramos, embora todos dentro dos ‘trapos’: de criança, de mulher e, dentro desta roupa específica, de vários géneros. Já aqui falei sobre ela por causa dos preços loucos que fazem concorrência com as lojas de griffe da avenida da Liberdade e com os das lojas em Sunset Boulevard, num local de passagem de pessoas com condição social média baixa. Confesso a minha estupefacção pela teimosia da abertura de novas lojas e não pelo fecho.
O mercado onde compro muita da roupa que uso tem peças lindíssimas e boas e é lá que abasteço a minha febre de sapatos, que podem variar entre 1 e 10 euros o par! É claro que a Zilian tem sapatos de sonho, mas vou sonhando com eles e comprando no mercado do Algueirão, pois assim posso ter vinte pares… ou mais…
A irrealidade de muita boa gente que vai abrindo lojas confunde-me: nenhuma delas vende água de coco no deserto, são iguais umas às outras e, se houver destaque, é por terem preços mais altos que as concorrentes! Alguém me explica isto? Não percebo como nascem ilusões na cabeça das pessoas que as fazem crer que a sua loja terá sucesso, só porque gostam de ter uma loja e criaram as condições para a abrir; para a abrir, mas poucos se preocupam em criar condições para a manter aberta.
O Público de hoje trás uma revista com o sugestivo título Portugal Inovador. Todos os exemplos, desde a medicina aos cabeleireiros, passando pela gestão de restaurantes de fado, têm um investimento que vai muito para além da ideia genial de abrir uma loja de trapos que vai ter coisas lindas de morrer… de morrer sim, economicamente falando.
As fábricas que ontem empregavam os nossos pais que vinham das terrinhas com uma mão à frente e outra atrás, fascinados e medrosos com a grande cidade, são hoje os call centers, os centros comerciais, os balcões de atendimento. Não são cinzentos como o fumo fabril pois as cores da publicidade emolduram-nos e as novas visões do mundo actual retiraram-lhes a perspectiva da sujidade associada às fábricas que produziam unhas negras e mãos encardidas.
Todos se queixam que não há emprego e lá acabam por aceitar um lugar nestas novas fábricas, percebendo que a licenciatura afinal não era o passaporte que julgavam ser, pois ainda não perceberam que as regras mudaram e que é necessário começar a trabalhar cada vez mais cedo para que a experiência acumulada, junta com as habilitações conquistadas e com um futuro repleto ad eternum de formação, lhes proporcione um lugarzinho ao sol. E quem não quiser e não gostar, uma vez que não pode dizer que, se é assim, então não brinco, e não podem voltar para o quentinho do ventre materno, vai continuar a andar a vida inteira à procura de emprego – à procura de trabalho há poucos. Espero que não se lembrem de abrir muitas lojas.
O empreendedorismo é salutar se a perspectiva de negócio for boa. Negócio iniciado tem de ter clientes senão fecha, ou como fazem as senhoras ricas que não querem ficar em casa sozinhas enquanto seus doutores maridos trabalham lá vão elas abrir uma loja de qualquer coisa de que gostam e às amigas até fazem descontos.Continuam-se a abrir lojas, pois então. Veja-se o caso das casas de vendas de óculos. Parecem cogumelos a nascer. E os clientes são tão poucos. Como sobrevivem? Pois deve ser o diferencial custo/lucro. Um grande diferencial diga-se. Abrir uma loja só porque foi o sonho de uma vida não é sensato. O meu sonho era ser dono de uma livraria de bairro.Mas como se os livros em Portugal são caros, a concorrência "desleal" das Fnac's e Bertrand's é avassaladora e o português lê pouco? Eu sei, eu sei, ainda há pouco tempo abriu uma no Marquês. Faço votos para que ainda esteja aberta daqui a muitos anos. Com os mesmos donos. Mas isto tudo são soluções que os desempregados desencantam para resolver a sua vida. Criar o seu próprio emprego é uma solução. Mas deixa de o ser quando atravessamos uma crise sem fim à vista por mais demagogia que os governantes gostem de atirar para cima dela. Deixa de o ser também porque, havendo crise, há escassez de clientes para quase tudo. Sim eu sei, o turismo cresce bastante. Os campos de golfe reproduzem-se como coelhos. Como alguém já o disse, vivemos numa sociedade de trabalhadores sem trabalho. Como resolver o problema? Agostinho da Silva já tinha avisado. E, que eu saiba, ela não era vidente. Era visionário. Uma solução será voltar a sermos uma sociedade com uma componente exclusivamente rural muito grande? Pois se não temos emprego, e há tanta terra ao abandono, como não? Pelo menos fome não passamos. Julgo eu...
ResponderEliminarTempos sombrios se adivinham para muita gente. Para outra esse tempos já chegaram. Enquanto isso a Corte vai de festa em festa atirando ao povo uma côdeas de pão quando passa.
Ben Ali caíu, Mubarak também. Kadafi está quase. E Sócrates?