A magia das notícias sobre o estado do tráfego rodoviário tem sido menosprezada de uma forma inqualificável, e injusta, diga-se de passagem.
Descrevendo e realçando os pontos chave que impedem a livre circulação dos veículos, os radialistas produzem obras de arte espontâneas, lamentavelmente efémeras e para as quais se pede reconhecimento.
Os condicionamentos do trânsito consubstanciam a acção de um romance sobre rodas, que ora avança, ora recua, com inesperados e surpresas que até aos Nobel da Literatura escapam.
Somos informados sobre supressão de vias e voltamos atrás no tempo, suspirando como em Simplesmente Maria, a eterna rádio-novela portuguesa.
Os personagens são reconhecidos, o IC-19, sempre rebelde, a Ponte 25 de Abril que, não se percebe como, mas está sempre grávida de carros, a Calçada de Carriche, a quem muitos chamam a Calçada da Carris, os Cabos D'Ávila, onde já desde o Simplesmente Maria não há cabos nenhuns, a vaidosa A-5 que vem todos os dias de Cascais, mais rápida mas sem o fascínio da velhinha Marginal, outra protagonista desta novela.
Já no Porto temos a Via Panorâmica, linda e eternamente demorada em direcção ao Campo Alegre, a AEP, a VCI, quais agentes secretos, em busca da Sidónio Pais ou da altiva Faria Guimarães.
Na trama contam-se inúmeras supressões de vias - são personagens que são afastadas por um ou outro motivo mas que voltam em episódios posteriores - e executam-se trabalhos, sinónimo tantas vezes usado para designar a morte de alguém. Morte, crime, obstáculos, vidas em jogos, sinalizações várias são momentos a que já nos habituámos, mas que em nada se comparam ao ponto alto que são os acidentes: O trânsito está congestionado porque um ligeiro se envolveu com um pesado.
Isto é lindo... até o trânsito pára devido a um envolvimento, lembra os Montecchios e os Capuletos, amores proibidos entre brancos e pretos de famílias racistas, filhos mais novos de inimigos da Mafia envolvidos em escaldantes amores, aventuras de uma manhã, paixões intensas sob a chuva que cai miudinha em Lisboa, numa palavra, romance.
Espero ter contribuído para aguçar a curiosidade auditiva para subtilezas como os problemas técnicos que interditam a passagem de peões e viaturas na Ponte Móvel de Leixões, o que obriga a procurar outros caminhos e que surpresas quentes trarão esses outros caminhos só saberemos por experiência própria..., ou que se passe a ouvir com outros ouvidos a notícia sobre o acidente ao quilómetro dezoito entre Campo e Valongo, que provoca trânsito bastante demorado, qual namoro antigo, que se arrastava por décadas por entre paixão e desejo.
Descrevendo e realçando os pontos chave que impedem a livre circulação dos veículos, os radialistas produzem obras de arte espontâneas, lamentavelmente efémeras e para as quais se pede reconhecimento.
Os condicionamentos do trânsito consubstanciam a acção de um romance sobre rodas, que ora avança, ora recua, com inesperados e surpresas que até aos Nobel da Literatura escapam.
Somos informados sobre supressão de vias e voltamos atrás no tempo, suspirando como em Simplesmente Maria, a eterna rádio-novela portuguesa.
Os personagens são reconhecidos, o IC-19, sempre rebelde, a Ponte 25 de Abril que, não se percebe como, mas está sempre grávida de carros, a Calçada de Carriche, a quem muitos chamam a Calçada da Carris, os Cabos D'Ávila, onde já desde o Simplesmente Maria não há cabos nenhuns, a vaidosa A-5 que vem todos os dias de Cascais, mais rápida mas sem o fascínio da velhinha Marginal, outra protagonista desta novela.
Já no Porto temos a Via Panorâmica, linda e eternamente demorada em direcção ao Campo Alegre, a AEP, a VCI, quais agentes secretos, em busca da Sidónio Pais ou da altiva Faria Guimarães.
Na trama contam-se inúmeras supressões de vias - são personagens que são afastadas por um ou outro motivo mas que voltam em episódios posteriores - e executam-se trabalhos, sinónimo tantas vezes usado para designar a morte de alguém. Morte, crime, obstáculos, vidas em jogos, sinalizações várias são momentos a que já nos habituámos, mas que em nada se comparam ao ponto alto que são os acidentes: O trânsito está congestionado porque um ligeiro se envolveu com um pesado.
Isto é lindo... até o trânsito pára devido a um envolvimento, lembra os Montecchios e os Capuletos, amores proibidos entre brancos e pretos de famílias racistas, filhos mais novos de inimigos da Mafia envolvidos em escaldantes amores, aventuras de uma manhã, paixões intensas sob a chuva que cai miudinha em Lisboa, numa palavra, romance.
Espero ter contribuído para aguçar a curiosidade auditiva para subtilezas como os problemas técnicos que interditam a passagem de peões e viaturas na Ponte Móvel de Leixões, o que obriga a procurar outros caminhos e que surpresas quentes trarão esses outros caminhos só saberemos por experiência própria..., ou que se passe a ouvir com outros ouvidos a notícia sobre o acidente ao quilómetro dezoito entre Campo e Valongo, que provoca trânsito bastante demorado, qual namoro antigo, que se arrastava por décadas por entre paixão e desejo.
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