Os investigadores devem estar todos registados, seus cães de raças perigosas, na FCT, Financiamentos, Cunhas e Tal, desculpem, Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Devem também ter um currículo oficial, fiz isto, aquilo e aqueloutro.
Há uns anos, na era do Ministro Gago, acho, à Universidade do Minho, acho, foi encomendado, acho, um sistema, acho, para que cada um fizesse o seu currículo, uniforme, disponível em plataforma bonita e arrumada. É o currículo DeGóis.
Damião de Góis - aquariano (isto sou eu a meter-me comigo) - deve estar de chapéu enfiado a procurar sem descanso uma forma de voltar para pedir encarecidamente - estou a vê-lo de mãos postas, casaco de abas largas a arrojar, um joelho no chão - mudem o nome a esta coisa, por vossa e por minha mercê.
É preciso um curso para preencher o CV DeGóis. Duas pessoas que tiverem feito a mesma coisa podem preenchê-lo de forma diferente, não porque não saibam ler, não porque tenham problemas de literacia, simplesmente porque o labirinto, as ambiguidades, as repetições, são demais.
O detalhe, o pormenor levam a catalogar o DeGóis no barroco, um barroco exagerado, não um rococó, mas um re-cocó.
Enfim, mais à frente na narrativa, e depois de, muito à portuguesa, se querer deixar a nossa marca, a nossa cicatriz, mas sem nos apercebermos que, por norma, o que deixamos é um rasto de destruição do que foi feito, mudam-se os governos, mudam-se as pessoas e destrói-se tudo o que foi construído, os novos é que são os Presidentes da Junta!, e começam de novo sem verem se havia algo a aproveitar, rodam as cadeiras e DeGóis, já foste, siga o FCT-SIG!
Mais fácil, de acesso restrito aos senhores da FCT e ao próprio, tem um visual amigável e uma liberdade de expressão enorme, inserido num movimento artístico a que se pode chamar À vontade, numa alusão à posição militar de descontracção, embora sem baldas, pernocas ligeiramente afastadas, mãos em descanso atrás das costas, tronco direito, onde cada um escreve o que quer, como lhe der na real gana. Quem tem bom senso, atina, quem não tem, enjorca!
Mas porque é que temos que preencher dois currículos, perguntam as pessoas. Não têm, e se tiverem é o FCT-SIG, mas esse não dá visibilidade alguma, esconde-os, senhores investigadores, coloca-nos num limbo só conhecido pelo Big Brother FCT, não dá oportunidade de alguém os contactar a convidá-los para integrarem outros projectos, mudar de trabalho ou coisa que o valha, e hoje em dia não se habita em casas, vive-se na rede e só existimos se estivermos ON. Se não estão ON,estão a dormir, a vida é um sonho e quando acordarem é de um pesadelo.
Mas, como enquanto há vida há esperança, lá se vai preenchendo o DeGóis e o SIG, um mais que outro, Everest que se sobe dando um passo a cada vinte golfadas sugadas de ar.
Com o Inverno à porta, em dias de chuva sem hipótese de pôr o nariz fora da porta, rezemos ao grande humanista que foi Damião, pedindo-lhe inspiração para esta epopeia, mas atenção com as santas preces, pois até ele, cidadão do mundo, emigrado e regressado, autor de crónicas reais que não agradaram a gregos e tiranos, desculpem, troianos, acabou nos braços do Santo Ofício. Amén.
Há uns anos, na era do Ministro Gago, acho, à Universidade do Minho, acho, foi encomendado, acho, um sistema, acho, para que cada um fizesse o seu currículo, uniforme, disponível em plataforma bonita e arrumada. É o currículo DeGóis.
Damião de Góis - aquariano (isto sou eu a meter-me comigo) - deve estar de chapéu enfiado a procurar sem descanso uma forma de voltar para pedir encarecidamente - estou a vê-lo de mãos postas, casaco de abas largas a arrojar, um joelho no chão - mudem o nome a esta coisa, por vossa e por minha mercê.
É preciso um curso para preencher o CV DeGóis. Duas pessoas que tiverem feito a mesma coisa podem preenchê-lo de forma diferente, não porque não saibam ler, não porque tenham problemas de literacia, simplesmente porque o labirinto, as ambiguidades, as repetições, são demais.
O detalhe, o pormenor levam a catalogar o DeGóis no barroco, um barroco exagerado, não um rococó, mas um re-cocó.
Enfim, mais à frente na narrativa, e depois de, muito à portuguesa, se querer deixar a nossa marca, a nossa cicatriz, mas sem nos apercebermos que, por norma, o que deixamos é um rasto de destruição do que foi feito, mudam-se os governos, mudam-se as pessoas e destrói-se tudo o que foi construído, os novos é que são os Presidentes da Junta!, e começam de novo sem verem se havia algo a aproveitar, rodam as cadeiras e DeGóis, já foste, siga o FCT-SIG!
Mais fácil, de acesso restrito aos senhores da FCT e ao próprio, tem um visual amigável e uma liberdade de expressão enorme, inserido num movimento artístico a que se pode chamar À vontade, numa alusão à posição militar de descontracção, embora sem baldas, pernocas ligeiramente afastadas, mãos em descanso atrás das costas, tronco direito, onde cada um escreve o que quer, como lhe der na real gana. Quem tem bom senso, atina, quem não tem, enjorca!
Mas porque é que temos que preencher dois currículos, perguntam as pessoas. Não têm, e se tiverem é o FCT-SIG, mas esse não dá visibilidade alguma, esconde-os, senhores investigadores, coloca-nos num limbo só conhecido pelo Big Brother FCT, não dá oportunidade de alguém os contactar a convidá-los para integrarem outros projectos, mudar de trabalho ou coisa que o valha, e hoje em dia não se habita em casas, vive-se na rede e só existimos se estivermos ON. Se não estão ON,estão a dormir, a vida é um sonho e quando acordarem é de um pesadelo.
Mas, como enquanto há vida há esperança, lá se vai preenchendo o DeGóis e o SIG, um mais que outro, Everest que se sobe dando um passo a cada vinte golfadas sugadas de ar.
Com o Inverno à porta, em dias de chuva sem hipótese de pôr o nariz fora da porta, rezemos ao grande humanista que foi Damião, pedindo-lhe inspiração para esta epopeia, mas atenção com as santas preces, pois até ele, cidadão do mundo, emigrado e regressado, autor de crónicas reais que não agradaram a gregos e tiranos, desculpem, troianos, acabou nos braços do Santo Ofício. Amén.
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