quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Uma coisa com muita importância

Um dos grandes, mas mesmo grandes prazeres da vida é oferecer coisas, livros à cabeça, mas na lista estão igualmente as bonecas que trago à minha sobrinha dos locais que visito, a renovação de electrodomésticos para os meus pais, magnetos para os frigoríficos dos amigos e tudo quanto me lembre para o meu filho. Umas vezes maiores outras menores, por vezes nada, não porque me esqueça, mas porque não pude.
Não nego que sinto igualmente prazer em receber: alguém se lembrou de mim e isso é maravilhoso, seja um marcador de livros - recebi um da Irlanda há duas semanas - uma bela pintura africana - que veio de Angola há alguns meses e já tem moldura - ou um par de chinelos de quarto - vindos de uma Paris africana que os turistas nem sabem que existem. Os exemplos não teriam fim e acho que muitas vezes as pessoas não percebem como fico contente, ou talvez seja eu que não me manifesto o suficiente.
No meio disto tudo há uma coisa que não percebo: quando alguém dá uma coisa a outro alguém, na maioria das vezes, faz acompanhar o presente com uma frase que me põe os cabelos em pé: 'É uma coisinha sem importância'.
Ora bem... se é sem importância, não a quero. Se é sem importância, porque ma deram? Se é sem importância porque se deram ao trabalho de a comprar e trazer? Não percebo...
Quando dou seja o que for a alguém, mesmo uma coisa pequena, minúscula, nunca é sem importância mas, pelo contrário, vive nela toda a importância que dou à pessoa a quem a entrego, seja um livro usado ou um carro. É uma lembrança e na minha lembrança esteve a pessoa a quem dou a lembrança, que contém a pessoa que eu sou. Porque havia de ser 'uma coisa sem importância'? Perceberão as pessoas que dizem aquilo o quão materialistas são? Duvido.  

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