Hoje de manhã segurei-me para não sacar do telemóvel e fotografar a senhora que seguia sentada à minha frente. Não era bem ela que me fascinava, mas sim a sua mala, uma imitação normal, com uma espécie de palavras repetidas como carimbos que se sobrepõem, e cujas asas, ou alças, ou pegas, ou aquilo em que seguramos as malas, chame-se lá como se chamar, mantinham o plástico com que os ciganos as vendem nas feiras, para não se sujarem e provarem assim às clientes que aquilo acabou de chegar de Milão, fique Milão onde ficar. Sei do que falo pois sou cliente e se tenho várias malas é porque as compro na feira e são tão boas como outras quaisquer.
Nunca tinha visto alguém manter o plástico e andar com as malas assim, não bastando já elas serem do mais puro plástico.
A senhora em causa é minha conhecida do metro, vamos muitas vezes juntas e um dia disse-lhe que tinha um brinco a cair, ou seja, até já falei com ela, mas não o suficiente para partilhar a vontade de rir que me deu e fazer o pedido de paparazi. A presença da senhora faz-se notar, quer queiramos quer não pois, apesar de sua idade, usa mini vestidos que lhe expõem as coxas até à gula de certos homens que seguem em pé, mas fixados nas belas pernas da passageira.
Conheço-lhe o ritual: senta-se, puxa o vestido para tapar mais as pernas, sem sucesso, abre a mala, tira um pano e um frasco de líquido para limpar as lentes dos óculos, limpa-os, volta a guardar o frasco e o pano, põe os óculos e fica a olhar para a negra paisagem. Nunca a vi ler um jornal sequer, nem dos gratuitos que por ali andam de mão em mão. Que pensará a olhar as paredes do metro que fogem a grande velocidade? Não sei. Mas sei em que estação sai e que hoje não eram os homens a olharem-lhe para as pernas, mas as mulheres a franzirem o sobrolho ao plástico da mala.
Nunca tinha visto alguém manter o plástico e andar com as malas assim, não bastando já elas serem do mais puro plástico.
A senhora em causa é minha conhecida do metro, vamos muitas vezes juntas e um dia disse-lhe que tinha um brinco a cair, ou seja, até já falei com ela, mas não o suficiente para partilhar a vontade de rir que me deu e fazer o pedido de paparazi. A presença da senhora faz-se notar, quer queiramos quer não pois, apesar de sua idade, usa mini vestidos que lhe expõem as coxas até à gula de certos homens que seguem em pé, mas fixados nas belas pernas da passageira.
Conheço-lhe o ritual: senta-se, puxa o vestido para tapar mais as pernas, sem sucesso, abre a mala, tira um pano e um frasco de líquido para limpar as lentes dos óculos, limpa-os, volta a guardar o frasco e o pano, põe os óculos e fica a olhar para a negra paisagem. Nunca a vi ler um jornal sequer, nem dos gratuitos que por ali andam de mão em mão. Que pensará a olhar as paredes do metro que fogem a grande velocidade? Não sei. Mas sei em que estação sai e que hoje não eram os homens a olharem-lhe para as pernas, mas as mulheres a franzirem o sobrolho ao plástico da mala.
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