Batem as oito e estou encostada ao balcão da pastelaria a beber café, forte, para me dar uma mão e puxar da sonolência, do cansaço acumulado duma semana que se repete há semanas de doze horas de trabalho no local de trabalho, sem contar com os TPC’s que me obrigo a trazer para casa e sem contar com os sábados e domingos alternados em que tenho vindo trabalhar.
Falarem-me em mais meia hora de trabalho por dia faria sentido se fosse há quase quinze anos quando trabalhava numa Câmara e tinha horário para entrar e sair, para cumprir, não fosse aparecer a inspecção do trabalho, como me disseram tantas vezes. Agora soa-me a conversa de garotos do infantário.
Batem as oito e a televisão está sintonizada na RTP1.
Batem as oito e começa o Bom Dia Portugal.
E o Bom Dia Portugal, que quer acordar Portugal, dando os bons-dias como se isso fosse um passe mágico que de facto ajudasse Portugal a ter um melhor dia, e quem diz Portugal, diz os portugueses, eu incluída, e todos, mesmo os que trabalham no estrangeiro, ou será só para os que estão aqui, será Portugal geograficamente falando, com fronteiras? e se assim for, é bom dia para os estrangeiros também, os legais e os ilegais, é para todos, pois o som, seja dum bom dia ou doutra coisa qualquer espalha-se e não escolhe nacionalidade de ouvidos.
O som não escolhe ouvidos para entrar mas a RTP1 sim, escolhe as notícias para alegrar Portugal, para dar substância ao Bom Dia que quer passar a Portugal.
E que coisa melhor para solidificar esse Bom Dia se não o futebol?
Haja notícias da nossa realeza! A única, a verdadeira, a que vive no coração dos portugueses e por quem eles se desunham, do quem mexe realmente connosco, de quem põe o meu vizinho aos berros como se desse uma aula de gramática obscena a alunos que estão na Lua e não ouvem com o tom de voz normal.
Querida RTP, obrigada!
Falarem-me em mais meia hora de trabalho por dia faria sentido se fosse há quase quinze anos quando trabalhava numa Câmara e tinha horário para entrar e sair, para cumprir, não fosse aparecer a inspecção do trabalho, como me disseram tantas vezes. Agora soa-me a conversa de garotos do infantário.
Batem as oito e a televisão está sintonizada na RTP1.
Batem as oito e começa o Bom Dia Portugal.
E o Bom Dia Portugal, que quer acordar Portugal, dando os bons-dias como se isso fosse um passe mágico que de facto ajudasse Portugal a ter um melhor dia, e quem diz Portugal, diz os portugueses, eu incluída, e todos, mesmo os que trabalham no estrangeiro, ou será só para os que estão aqui, será Portugal geograficamente falando, com fronteiras? e se assim for, é bom dia para os estrangeiros também, os legais e os ilegais, é para todos, pois o som, seja dum bom dia ou doutra coisa qualquer espalha-se e não escolhe nacionalidade de ouvidos.
O som não escolhe ouvidos para entrar mas a RTP1 sim, escolhe as notícias para alegrar Portugal, para dar substância ao Bom Dia que quer passar a Portugal.
E que coisa melhor para solidificar esse Bom Dia se não o futebol?
Haja notícias da nossa realeza! A única, a verdadeira, a que vive no coração dos portugueses e por quem eles se desunham, do quem mexe realmente connosco, de quem põe o meu vizinho aos berros como se desse uma aula de gramática obscena a alunos que estão na Lua e não ouvem com o tom de voz normal.
Querida RTP, obrigada!
Sem comentários:
Enviar um comentário