sábado, 8 de outubro de 2011

Quatro e dezasseis

Corro e consigo entrar. O rabo do metro vai sempre mais cheio e fico entalada entre uma senhora que leva uns sacos e vai, com certeza, arrependida da opção do transporte e outra que vai a falar ao telefone.
- Lembro-me que eram quatro e dezasseis
- ...
- Mas eu estava no tribunal não pude atender
- ...
- Mas eram quatro e dezasseis, isso eu lembro-me, por isso não digas que ligaste às quatro e pouco
- ...
- Quatro e pouco, não é quatro e dezasseis!
- ...
- Mas tu tens uma pontaria incrível, já é a segunda vez que ligas e eu estou no tribunal
- ...
- Sim, mas eram quatro e dezasseis
- ...
- Sei porque tenho relógio!
- ...
- Como é que decorei? Que raio de pergunta?
A mulher sai do metro e continua a falar ao telefone deixando-me de olhos arregalados com a sua capacidade de falar tanto tempo de um pormenor. Arranjo um lugar e sento-me a pensar que esta, das duas uma, ou é muito teimosa ou o alzheimer vai ter ali muito trabalhinho...

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