Vale a pena sair da cama cedo para ser abraçada pela aurora. Veste-se dum rosa acamaronado suave que nos faz pensar que o dia vai correr bem. O trabalho que me obrigou a sair de casa antes da hora normal será feito com prazer, sei disso.
O primeiro pé na rua trouxe-me uma sensação estranha, desagradável, mas que entrou em mim. Vá lá saber-se porquê, a minha pele deixou-se penetrar e acolheu, contra a minha vontade, aquela coisa. O ar estava normal, a rua não tinha qualquer cheiro de onde pudesse vir aquele efeito.
Entrei no café da esquina devagar, olhei as outras pessoas que pareciam imunes à minha impressão, como se não fossem atacadas por ela. Olhei a direito e segurei com o olhar as coisas alinhadas nas prateleiras do café e, assim, eliminei as minhas habituais tonturas: a síndroma de Ménière estava adormecida, felizmente, e não era a causadora da estranheza.
Bebido o café, entrei no carro e, fosse pelo efeito da música ou da simples condução, aquela sensibilidade passou-me. Como vim mais cedo consegui um lugar de estacionamento que não fica a dois quilómetros da entrada do Metro; deixá-lo longe de manhã não me incomoda, mas custa-me ao fim do dia, de noite, fazer o percurso até entrar no carro: ontem eram nove e meia da noite quando sai do Metro e o lugar é tido como o de maior criminalidade em Portugal.
Satisfeita com aquela conquista, estacionei e saí do carro. Assim que abri a porta voltou aquele efeito, aquela coisa que estava no ar, não havia dúvida, e que me envolvia, arrepiando-me, fazendo-me encolher, como se abreviasse o espaço que ocupava. De repente, fez-se luz e percebi o que era: frio.
Se um Inverno se prolongasse por tanto tempo como este Verão eu estaria com uma depressão maior que a Fossa das Marianas, e reclamava da chuva, do frio, da roupa, dos casacos, das frieiras, dos sapatos fechados, das calças.
Há meses que não visto um par de calças, só saias e calções, pois uso-as apenas por uma questão prática, uma vez que não gosto de calças. Mas o tempo quente, sem entrar pelos prejuízos adjacentes a vários níveis, encanta-me e faz-me bem. Conclusão, não reclamo, pois uma das ideias que sempre acalentei era poder viver num sítio onde fosse sempre de Verão. Melhor que isto só se vivesse em vários sítios conforme o Verão, andando atrás dele em digressão pelo mundo.
O primeiro pé na rua trouxe-me uma sensação estranha, desagradável, mas que entrou em mim. Vá lá saber-se porquê, a minha pele deixou-se penetrar e acolheu, contra a minha vontade, aquela coisa. O ar estava normal, a rua não tinha qualquer cheiro de onde pudesse vir aquele efeito.
Entrei no café da esquina devagar, olhei as outras pessoas que pareciam imunes à minha impressão, como se não fossem atacadas por ela. Olhei a direito e segurei com o olhar as coisas alinhadas nas prateleiras do café e, assim, eliminei as minhas habituais tonturas: a síndroma de Ménière estava adormecida, felizmente, e não era a causadora da estranheza.
Bebido o café, entrei no carro e, fosse pelo efeito da música ou da simples condução, aquela sensibilidade passou-me. Como vim mais cedo consegui um lugar de estacionamento que não fica a dois quilómetros da entrada do Metro; deixá-lo longe de manhã não me incomoda, mas custa-me ao fim do dia, de noite, fazer o percurso até entrar no carro: ontem eram nove e meia da noite quando sai do Metro e o lugar é tido como o de maior criminalidade em Portugal.
Satisfeita com aquela conquista, estacionei e saí do carro. Assim que abri a porta voltou aquele efeito, aquela coisa que estava no ar, não havia dúvida, e que me envolvia, arrepiando-me, fazendo-me encolher, como se abreviasse o espaço que ocupava. De repente, fez-se luz e percebi o que era: frio.
Se um Inverno se prolongasse por tanto tempo como este Verão eu estaria com uma depressão maior que a Fossa das Marianas, e reclamava da chuva, do frio, da roupa, dos casacos, das frieiras, dos sapatos fechados, das calças.
Há meses que não visto um par de calças, só saias e calções, pois uso-as apenas por uma questão prática, uma vez que não gosto de calças. Mas o tempo quente, sem entrar pelos prejuízos adjacentes a vários níveis, encanta-me e faz-me bem. Conclusão, não reclamo, pois uma das ideias que sempre acalentei era poder viver num sítio onde fosse sempre de Verão. Melhor que isto só se vivesse em vários sítios conforme o Verão, andando atrás dele em digressão pelo mundo.
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