Num dos primeiros dias de férias caiu-me cima um Coração Débil. Escrito pelo monstro da literatura Dostoiévski pouco antes da sua prisão e exílio na Sibéria, esta novela deu-me que pensar pois parece escrita numa língua morta, onde os conceitos de honra, dignidade, amizade e, acima de tudo, gratidão, praticamente proscritos dos dias de hoje, tomam letra maiúscula e ganham forma densa.
Li e pareceu-me tão distante como os nossos antepassados que faziam fogo batendo em pedras e foi exactamente isso que me impressionou: a vida já foi assim! Por incrível que nos pareça, a palavra de alguém já teve um peso desmedido, a amizade já foi verdadeiramente desinteressada e verdadeira, o bom carácter das pessoas em tempos era recompensado. Se fosse escrita hoje seria uma obra de magistral ironia da primeira à última palavra, pois tudo se passaria na imaginação do escritor.
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