Um must da praia são os buracos na areia, a que os autores teimam em chamar… castelos. Em quase meio século de praia nunca vi alguém construir um e poucos são os que humildemente assumem que vão fazer um simples buraco.
Por norma estes engenheiros são pais de crianças de pouca idade e com frequência os seus petizes desistem da obra ao fim de um quarto de hora ou pouco mais; há os pais que desistem em simultâneo mas há aqueles que, parecendo ter contrato de empreitada, continuam a escavar furiosamente e aumentam o buraco /castelo criando na zona um ar de impacto de meteoro.
As crianças têm a maravilhosa característica de não precisarem ser apresentadas sequer para fazer amigos e rapidamente o buraco/castelo se enche de utilizadores. Nesta altura os pais empreiteiros dividem-se em dois grupos e aqui reside o fantástico de tudo: há os pais que fomentam a sobrelotação da construção e há os pais que querem que o pobre do buraco se mantenha como um resort privado da sua prole, e que não obstante não serem directos afugentando as outras crianças, mas tudo fazem para que se afastem. A cereja em cima do bolo aparece quando os filhos do construtor se afastam para ir à água, por exemplo, e ele fica ali a guardar o buraco, como quem guarda uma herança que quer deixar aos seus sucessores. Esta pose é acompanhada de gritos para que se despachem e venham brincar no castelo, qual Martim Moniz ali entalado entre a vontade de mergulhar e a necessidade de preservar o seu árduo trabalho…
Entretanto já a figurinha do mestre de risco adquiriu um ar cómico pois as suas crias antes de irem à água depositaram-lhe os respectivos chapéus na cabeça, que ele transporta como se fosse a própria Marge Simpson.
Noutra fase do processo aparecem outros pais, que se aproximam devagar, tentando perscrutar se o homo habilis é sociável ou não. Aproximam-se de cócoras, aos saltinhos para, por um lado, acompanhar a altura e o andamento dos seus rebentos e, por outro, para garantirem uma certa distância e não ficarem muito à mercê duma eventual fúria do construtor que, com frequência, está fortemente armado com pás, ancinhos, baldes e outras artimanhas.
Já se verificaram casos em que o dono da obra põe o outro a correr dali para fora, mas também já aconteceu que os dois se aliassem para aumentar a fortificação, vulgo buraco na areia. Chama-se a isto fazer uma aliança e não fosse dar-se o caso de nunca mais se verem na vida, haveria muitas probabilidades de casarem os filhos anos mais tarde. Estas probabilidades aumentam, bem como a solidez da aliança e a profundidade do buraco, se ambos forem do Benfica.
E ainda há quem diga que na praia não se faz nada...
Por norma estes engenheiros são pais de crianças de pouca idade e com frequência os seus petizes desistem da obra ao fim de um quarto de hora ou pouco mais; há os pais que desistem em simultâneo mas há aqueles que, parecendo ter contrato de empreitada, continuam a escavar furiosamente e aumentam o buraco /castelo criando na zona um ar de impacto de meteoro.
As crianças têm a maravilhosa característica de não precisarem ser apresentadas sequer para fazer amigos e rapidamente o buraco/castelo se enche de utilizadores. Nesta altura os pais empreiteiros dividem-se em dois grupos e aqui reside o fantástico de tudo: há os pais que fomentam a sobrelotação da construção e há os pais que querem que o pobre do buraco se mantenha como um resort privado da sua prole, e que não obstante não serem directos afugentando as outras crianças, mas tudo fazem para que se afastem. A cereja em cima do bolo aparece quando os filhos do construtor se afastam para ir à água, por exemplo, e ele fica ali a guardar o buraco, como quem guarda uma herança que quer deixar aos seus sucessores. Esta pose é acompanhada de gritos para que se despachem e venham brincar no castelo, qual Martim Moniz ali entalado entre a vontade de mergulhar e a necessidade de preservar o seu árduo trabalho…
Entretanto já a figurinha do mestre de risco adquiriu um ar cómico pois as suas crias antes de irem à água depositaram-lhe os respectivos chapéus na cabeça, que ele transporta como se fosse a própria Marge Simpson.
Noutra fase do processo aparecem outros pais, que se aproximam devagar, tentando perscrutar se o homo habilis é sociável ou não. Aproximam-se de cócoras, aos saltinhos para, por um lado, acompanhar a altura e o andamento dos seus rebentos e, por outro, para garantirem uma certa distância e não ficarem muito à mercê duma eventual fúria do construtor que, com frequência, está fortemente armado com pás, ancinhos, baldes e outras artimanhas.
Já se verificaram casos em que o dono da obra põe o outro a correr dali para fora, mas também já aconteceu que os dois se aliassem para aumentar a fortificação, vulgo buraco na areia. Chama-se a isto fazer uma aliança e não fosse dar-se o caso de nunca mais se verem na vida, haveria muitas probabilidades de casarem os filhos anos mais tarde. Estas probabilidades aumentam, bem como a solidez da aliança e a profundidade do buraco, se ambos forem do Benfica.
E ainda há quem diga que na praia não se faz nada...
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