terça-feira, 14 de junho de 2011

Que dia pá, que dia!

Sexta-feira foi dia de ménage à trois: o V., eu e uma morena chamada Papa-léguas em cima da qual estivemos o dia todo. O V. tem também uma loura mas eu não vou à bola com ela porque nos obriga a estar praticamente deitados e aquilo mete-me medo. Experimentei uma vez há alguns anos e não me sobram saudades. Já a morena tem dois lugares onde vamos bem sentados, direitos, a levar com o vento na cara pois a opção é sempre de não baixar a viseira do capacete.
Há séculos que tínhamos combinado visitar um lugar onde há muitos anos o pulguedo nada pode contra a força da leitura, uma descrição que adoro pela veracidade e pelo simbolismo e que não podia ter outro protagonista. Não encontrámos a casa, mudado estava o local, com quintais arranjados e paredes brancas, bordejado por serranias verdes que se mantêm sempre assim à força de levarem com a brisa marítima que vem do Oeste.
Sardinha da Nazaré ao almoço a escorregar garganta abaixo com as Berlengas ali diante, que se aproximaram só para que as pudéssemos ver bem e logo mais uma lembrança e uma história regada com gargalhadas, de quando se fazia mergulho em gruta berlenguense e se aguentou o mais que se pode debaixo de água para que a barcaça com turistas passasse e no último instante lá se empurra o corpo em direcção à mescla de gases a que chamamos oxigénio e os turistas aos berros a pensar que o monstro do Loch Ness estava nas Berlengas a banhos e afinal era o V. que já tinha falta de ar!
E quem tinha falta dum dia assim era eu: com risos e conversas e livros e aquela memória absolutamente espantosa que me deixa sempre boquiaberta com a precisão e a infalibilidade.
O fim-de-semana teve quatro belos dias, mas o primeiro valeu por umas férias.

4 comentários:

  1. É um privilégio partilhar o sorriso dos outros :)

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  2. e entretanto, chegou-me aos ouvidos que nesse dia e na clara Marmeleira, iluminado à sombra na esplanada do café e na imprensa, Pacheco Pereira te cumprimentou e deu os bons-dias. Estou em crer que teve pena (partindo de um verso de Yeats) de não ter por ti segunda Tróia que incendiasse.

    Dizem alguns que estavas linda lendo o teu livro na estação de comboios, pelo que foste premiada com uma citação de Zafon. E que por estares assim, era pena que a beleza não largasses a espalhar por serras d'Aire e Candeiros. Misturou-se ao vento motociclístico e agora, move moinhos eólicos. Só por desfeita do ditado de beleza passada não move moinhos.

    Desde então as suas velas recitam erradamente Eugénio de Castro:

    "Procuremos somente a Beleza, que a vida
    É um punhado infantil de areia ressequida,
    Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa."

    Agora que te viram recitam as velas:

    Procuremos somente a beleza que é um olhar agudo de curiosidade infantil e azul da autora do areia às ondas, puros como a água de Jiménez, um som de cabelos côr de bronze rumo ao mar numa moto que passa."

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  3. Areia às Ondas17 junho, 2011 15:32

    Estou toda babada... é o que te digo!

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