O Paredão Marítimo, mais conhecido por Paredão do Estoril, vai da praia da Azarujinha em S. João do Estoril até à praia da Conceição em Cascais e garante-nos um horizonte de mar de beleza ímpar, com casarões que remetem para antigas glórias, passando por praias, esplanadas e restaurantes, por equipamentos de treino físico, ocasionalmente, por exposições de arte, aos fins-de-semana por aulas de ginástica organizada, entre várias outras ofertas. É local de eleição de milhares de pessoas, que ali veraneiam 365 dias por ano, faça chuva ou faça sol.
No domingo estava à pinha: ainda se viam muitos casacos de Inverno, bem como ar de arrependimento em quem os levava, mas predominavam as mangas curtas e os calções, peles ansiosas por sol e calor. Na areia encontravam-se alguns mais aventureiros, já de fato de banho, e eu cheia de inveja.
No meio do paredão serpenteiam umas bolas brancas pintadas no chão, já meias apagadas pelas condições climatéricas e por todos quantos ali passam: identificam a via para ciclistas.
Nas múltiplas entradas para o Paredão as placas a informar sobre as regras de condução de bicicletas são meros postes que servem, quando muito, para os cães fazerem xixi: ninguém lhes liga puto! Os ciclistas pedalam à sua livre vontade, alguns a parecerem querer ganhar um qualquer concurso o que, com milhares de pessoas a circular a pé, torna-se potencialmente explosivo para todos, com manobras, derrapagens e travagens dignas de animais selvagens pois, ninguém com massa cinzenta ao nível dos humanos se lembraria de andar ali de bicicleta, num local onde a quantidade de crianças se equipara à dos grãos de areia.
A Tolerância Zero de algumas estradas tem ali uma nova versão que se podia chamar Vigilância Zero: sou utilizadora do Paredão todos os fins-de-semana e nunca vi alguém ser chamado à atenção, muito menos multado. Além disso, as reacções dos ciclistas quando alguém lhes diz alguma coisa, como já era de esperar, são quase sempre difíceis, digamos assim: reclamam, chamam idiota a quem lhes faz o reparo e continuam. Pois claro.
No domingo, mal se conseguia andar com a quantidade de gente, pedi a um casal, cujo pai levava uma criança de tenra idade na parte de trás da bicicleta e que teimava em passar nos intervalos da chuva entre os passeantes, que lesse o sinal. Não sabiam, que desculpasse, pois não voltava a acontecer, e saltaram das bicicletas. Continuei o meu caminho, vi um jovem fazer uma razia a um garoto com cerca de dois anos que andava de triciclo e cujos pais quase tiveram um ataque cardíaco, vi um casal de velhos a ser injuriado porque não se desviou da bicicleta que vinha por trás deles e, quando regressei, encontrei o mesmo casal com a criança de pendura, montados nas suas montadas a furar no meio da multidão…
A bem da verdade, não devia haver só multas para prevaricadores da lei mas também, e o Estado iria encher os cofres, para gente estúpida e anormal.
Compreendo que a Câmara quis agradar a gregos e troianos ao permitir a passagem de bicicletas naquela via, porém, neste momento tudo se resume a uma gigantesca teimosia e falta de óculos. Da mesma forma que há praias que ‘começam’ a época balnear mais cedo pois verificam que a utilização começa mais cedo e, para garantirem as condições de segurança, contratam banheiros a partir de Maio, por exemplo, a Câmara devia verificar que a quantidade de pedestres é de tal forma que não se coaduna com a possibilidade de passagem de bicicletas. Chama-se a isto adaptação à realidade!
Além disso, a marcação da via, é de design é certo, talvez até tenha custado os olhos da cara a alguém e só por isso devíamos olhá-la como obra de arte mas, se o local foi ou é palco de residência de reis, também é local de passagem de plebeus, milhares deles, cujos ténis vão apagando as bolinhas que fazem linhas e se tornam ténues. A intenção era boa se as pessoas soubessem o que é ser civilizado e cumprissem as regras. Assim, as bolinhas marcadoras fazem-me lembrar pérolas que estão a ser deitadas a porcos e depois de uma pessoa ver porcos a andar de bicicleta, já nada nos admira…
Por outro lado, para além de andarmos sempre a olhar para cima do ombro para evitarmos que um ciclista embata connosco, tem que se prestar muita atenção aos cocós dos cães cujos donos deixam por ali, talvez com a esperança que amanhã estejam transformados em estrume, que a pedra é de bom plantio, como toda a gente sabe. Mais ainda, as trelas vão penduradas nas mãozinhas dos donos e os cães considerados perigosos – vi dois no domingo – não têm açaime, caso contrário não poderíamos admirar a bela cremalheira do animal, bem como ficaria diminuída a possibilidade de arrancarem um braço a um qualquer miúdo que por ali ande aos saltos e, como se sabe, estes cãezinhos não gostam de gestos bruscos e atacam quando menos se espera; mas, mais braço menos braço, quem se preocupa com isso? Talvez até lhes arranquem um bocado da cara e a própria boca de modo a calar os miúdos que, como também se sabe, são muito barulhentos!
Onde andará o Bom Senso?
No domingo estava à pinha: ainda se viam muitos casacos de Inverno, bem como ar de arrependimento em quem os levava, mas predominavam as mangas curtas e os calções, peles ansiosas por sol e calor. Na areia encontravam-se alguns mais aventureiros, já de fato de banho, e eu cheia de inveja.
No meio do paredão serpenteiam umas bolas brancas pintadas no chão, já meias apagadas pelas condições climatéricas e por todos quantos ali passam: identificam a via para ciclistas.
Nas múltiplas entradas para o Paredão as placas a informar sobre as regras de condução de bicicletas são meros postes que servem, quando muito, para os cães fazerem xixi: ninguém lhes liga puto! Os ciclistas pedalam à sua livre vontade, alguns a parecerem querer ganhar um qualquer concurso o que, com milhares de pessoas a circular a pé, torna-se potencialmente explosivo para todos, com manobras, derrapagens e travagens dignas de animais selvagens pois, ninguém com massa cinzenta ao nível dos humanos se lembraria de andar ali de bicicleta, num local onde a quantidade de crianças se equipara à dos grãos de areia.
A Tolerância Zero de algumas estradas tem ali uma nova versão que se podia chamar Vigilância Zero: sou utilizadora do Paredão todos os fins-de-semana e nunca vi alguém ser chamado à atenção, muito menos multado. Além disso, as reacções dos ciclistas quando alguém lhes diz alguma coisa, como já era de esperar, são quase sempre difíceis, digamos assim: reclamam, chamam idiota a quem lhes faz o reparo e continuam. Pois claro.
No domingo, mal se conseguia andar com a quantidade de gente, pedi a um casal, cujo pai levava uma criança de tenra idade na parte de trás da bicicleta e que teimava em passar nos intervalos da chuva entre os passeantes, que lesse o sinal. Não sabiam, que desculpasse, pois não voltava a acontecer, e saltaram das bicicletas. Continuei o meu caminho, vi um jovem fazer uma razia a um garoto com cerca de dois anos que andava de triciclo e cujos pais quase tiveram um ataque cardíaco, vi um casal de velhos a ser injuriado porque não se desviou da bicicleta que vinha por trás deles e, quando regressei, encontrei o mesmo casal com a criança de pendura, montados nas suas montadas a furar no meio da multidão…
A bem da verdade, não devia haver só multas para prevaricadores da lei mas também, e o Estado iria encher os cofres, para gente estúpida e anormal.
Compreendo que a Câmara quis agradar a gregos e troianos ao permitir a passagem de bicicletas naquela via, porém, neste momento tudo se resume a uma gigantesca teimosia e falta de óculos. Da mesma forma que há praias que ‘começam’ a época balnear mais cedo pois verificam que a utilização começa mais cedo e, para garantirem as condições de segurança, contratam banheiros a partir de Maio, por exemplo, a Câmara devia verificar que a quantidade de pedestres é de tal forma que não se coaduna com a possibilidade de passagem de bicicletas. Chama-se a isto adaptação à realidade!
Além disso, a marcação da via, é de design é certo, talvez até tenha custado os olhos da cara a alguém e só por isso devíamos olhá-la como obra de arte mas, se o local foi ou é palco de residência de reis, também é local de passagem de plebeus, milhares deles, cujos ténis vão apagando as bolinhas que fazem linhas e se tornam ténues. A intenção era boa se as pessoas soubessem o que é ser civilizado e cumprissem as regras. Assim, as bolinhas marcadoras fazem-me lembrar pérolas que estão a ser deitadas a porcos e depois de uma pessoa ver porcos a andar de bicicleta, já nada nos admira…
Por outro lado, para além de andarmos sempre a olhar para cima do ombro para evitarmos que um ciclista embata connosco, tem que se prestar muita atenção aos cocós dos cães cujos donos deixam por ali, talvez com a esperança que amanhã estejam transformados em estrume, que a pedra é de bom plantio, como toda a gente sabe. Mais ainda, as trelas vão penduradas nas mãozinhas dos donos e os cães considerados perigosos – vi dois no domingo – não têm açaime, caso contrário não poderíamos admirar a bela cremalheira do animal, bem como ficaria diminuída a possibilidade de arrancarem um braço a um qualquer miúdo que por ali ande aos saltos e, como se sabe, estes cãezinhos não gostam de gestos bruscos e atacam quando menos se espera; mas, mais braço menos braço, quem se preocupa com isso? Talvez até lhes arranquem um bocado da cara e a própria boca de modo a calar os miúdos que, como também se sabe, são muito barulhentos!
Onde andará o Bom Senso?
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