Não sei em que estação estou, vou absorvida pela leitura. A repetição de obscenidades, como ladainha de tabuada mete-se-me nos ouvidos. Levanto o olhar, pouco, e dou com ele em dois cavalheiros pouco mais velhos que o meu filho, bonés fundos nas cabeças que se adivinham quase rapadas. Comem sílabas atrás de sílabas, num discurso com palavreado actual. Moderno? Um deles fala do pai que está preso e conta ao outro os planos que tem, com a mãe, para o irem visitar. O outro conta um episódio com ar banal: a gigantesca parvoíce de um terceiro que, imagine-se, se recusou a assaltar um homem. Estavam num café na Damaia e viram o homem pagar puxando de uma nota gorda, guardando troco ainda avultado. Eram três, olharam uns para outros e fizeram menção de seguir o homem. O anormal do grupo disse que roubar, isso, ele não fazia, e foi-se embora. E não é que foi mesmo? A surpresa estava-lhes plantada nas caras. Na deles, na minha, na da mulher que viajava sentada ao meu lado, na meia dúzia que faziam o percurso no raio de audição das vozes.
O meu Médico de Córdova teve que esperar até antes de me deitar para conseguir retomar a leitura.
O meu Médico de Córdova teve que esperar até antes de me deitar para conseguir retomar a leitura.
Não há dúvida de que o terceiro homem, o anormal, não passou pelas Novas Oportunidades pois mostrou não ter qualificação básica para esse trabalhinho. E os colegas também não lha souberam dar. Amigos do Oliveira e Costa é que não são de certezinha.
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