A minha sobrinha fez 9 anos no Domingo e tem andado numa tensão acumulada relativamente aos festejos do aniversário, num misto de criancice com pré-adolescência. Talvez criancice aqui seja um pleonasmo, mas vou deixar passar...
Desde há meses que pede para passar o dia de anos na praia, razão pela qual lhe ofereci uma noite na Pousada de Catalazete, caserna para seis, ela, quatro amigas e o sargento que deu pelo nome de Mãe. Eu, o irmão e o pai da aniversariante fomos dormir a minha casa, a quinze minutos daquela noite de campo. Ou de praia. Fiquei cheia de inveja, é claro, mas o tempo foge-me e fica para outra vez.
No sábado jantámos na Casa da Praia, em cima da praia de Carcavelos, onde a empregada do restaurante levou nota 20: sempre com um sorriso, e depois da garotada ter jantado à mesa, levou-lhes as sobremesas à areia, com eles refastelados nuns enormes pufes, com paciência para as colheres que caiam na areia e que eram imediatamente substituídas e uma simpatia sem limites. O comer era fabuloso? Nem por isso, mas era razoável, os preços muito em conta - os menus infantis na ordem dos cinco euros - e aquilo que verdadeiramente nos fica na memória, que nos faz voltar, que nos leva a recomendar o sítio, é a simpatia.
Não havia sol, logo, não vimos o pôr-do-sol, mas o tempo abafado criou ali condições espectaculares para se passarem duas horas em beleza.
O meu cunhado, acabado de chegar do Equador com um magnífico panamá modelo Santos Dumont, parecia um estrangeiro. Sentados à beira da passagem das pessoas veio um sujeito e dirigiu-se-lhe da seguinte forma:
- Please, give me a cigarette.
Ele olhou-o e respondeu-lhe em bom português, O quê? Não percebo.
Lá deu o cigarro ao homem e continuou a contar as suas mil aventuras pela América do Sul, Santiago, desta feita, só enquanto fez escala entre a Argentina e o Equador.
O Duarte ganhou um chapéu do mesmo modelo e eu um, em papel cartonado, branco com uma fita preta, de uma elegância enorme. Trouxe este com a combinação de o devolver à minha irmã a troco daquele com que ela ficou, pois não conseguimos eleger um para cada uma, de modo que vamos trocando.
A guerra dos cem anos durou 116, os russos celebram a revolução de Outubro em Novembro e, entre outras curiosidades, o panamá é feito no Equador, e tem uma forma completamente diferente daquele bocado de tecido em forma de penico a que, por estes lados, se chama panamá, e que as crianças usam.
Assim, está o meu frigorífico ainda mais enfeitado do que estava com novos ímanes, e eu tenho dois novos exemplares de chapéus, belíssimos.
Pena não haver sol... por falar em sol, no Domingo o sol continuou amuado e depois de um banho rápido em local aberto a banhos decidimos ir ao Parque do Alvito.
O Duarte tinha ficado com o nosso carro na noite anterior e ainda não tinha chegado; assim, fizemos duas viagens da praia ao parque, tendo seguido a minha irmã e três garotas, conduzidas pelo meu cunhado, enquanto eu fiquei com outros três, tendo aproveitado para dar às pernas durante aquele bocado.
O meu sobrinho, sempre ao meu lado, disse que gostava muito do meu saco - que a C. me trouxe de Viena há poucas semanas - e afirmou que tinham aquela imagem lá em casa. E que imagem é esta, quis eu saber?
- Não sei.
- Sabes sim, já falámos nisto várias vezes, é O Beijo. E quem a pintou?
- Não sei.
- Mau... hoje não sabes nada... é do Klimt. E onde podemos ver esta pintura?
- Essa sei Quica... está no quarto da mãe!
Desde há meses que pede para passar o dia de anos na praia, razão pela qual lhe ofereci uma noite na Pousada de Catalazete, caserna para seis, ela, quatro amigas e o sargento que deu pelo nome de Mãe. Eu, o irmão e o pai da aniversariante fomos dormir a minha casa, a quinze minutos daquela noite de campo. Ou de praia. Fiquei cheia de inveja, é claro, mas o tempo foge-me e fica para outra vez.
No sábado jantámos na Casa da Praia, em cima da praia de Carcavelos, onde a empregada do restaurante levou nota 20: sempre com um sorriso, e depois da garotada ter jantado à mesa, levou-lhes as sobremesas à areia, com eles refastelados nuns enormes pufes, com paciência para as colheres que caiam na areia e que eram imediatamente substituídas e uma simpatia sem limites. O comer era fabuloso? Nem por isso, mas era razoável, os preços muito em conta - os menus infantis na ordem dos cinco euros - e aquilo que verdadeiramente nos fica na memória, que nos faz voltar, que nos leva a recomendar o sítio, é a simpatia.
Não havia sol, logo, não vimos o pôr-do-sol, mas o tempo abafado criou ali condições espectaculares para se passarem duas horas em beleza.
O meu cunhado, acabado de chegar do Equador com um magnífico panamá modelo Santos Dumont, parecia um estrangeiro. Sentados à beira da passagem das pessoas veio um sujeito e dirigiu-se-lhe da seguinte forma:
- Please, give me a cigarette.
Ele olhou-o e respondeu-lhe em bom português, O quê? Não percebo.
Lá deu o cigarro ao homem e continuou a contar as suas mil aventuras pela América do Sul, Santiago, desta feita, só enquanto fez escala entre a Argentina e o Equador.
O Duarte ganhou um chapéu do mesmo modelo e eu um, em papel cartonado, branco com uma fita preta, de uma elegância enorme. Trouxe este com a combinação de o devolver à minha irmã a troco daquele com que ela ficou, pois não conseguimos eleger um para cada uma, de modo que vamos trocando.
A guerra dos cem anos durou 116, os russos celebram a revolução de Outubro em Novembro e, entre outras curiosidades, o panamá é feito no Equador, e tem uma forma completamente diferente daquele bocado de tecido em forma de penico a que, por estes lados, se chama panamá, e que as crianças usam.
Assim, está o meu frigorífico ainda mais enfeitado do que estava com novos ímanes, e eu tenho dois novos exemplares de chapéus, belíssimos.
Pena não haver sol... por falar em sol, no Domingo o sol continuou amuado e depois de um banho rápido em local aberto a banhos decidimos ir ao Parque do Alvito.
O Duarte tinha ficado com o nosso carro na noite anterior e ainda não tinha chegado; assim, fizemos duas viagens da praia ao parque, tendo seguido a minha irmã e três garotas, conduzidas pelo meu cunhado, enquanto eu fiquei com outros três, tendo aproveitado para dar às pernas durante aquele bocado.
O meu sobrinho, sempre ao meu lado, disse que gostava muito do meu saco - que a C. me trouxe de Viena há poucas semanas - e afirmou que tinham aquela imagem lá em casa. E que imagem é esta, quis eu saber?
- Não sei.
- Sabes sim, já falámos nisto várias vezes, é O Beijo. E quem a pintou?
- Não sei.
- Mau... hoje não sabes nada... é do Klimt. E onde podemos ver esta pintura?
- Essa sei Quica... está no quarto da mãe!
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