sexta-feira, 5 de julho de 2013

Madman

Sendo as aulas de inglês acima de tudo de conversação, o professor dá-nos os mais variados exercícios nos quais esgrimimos argumentos, normalmente organizados em grupos. Um dos últimos era o Madman, cujo enunciado era o seguinte:
Com um casamento falhado e um marido absorvido pelo trabalho, uma mulher insatisfeita arranja um amante. Numa das eternas ausências do marido ela, que vive numa ilha, vai encontrar-se com o amante, tendo que atravessar uma ponte, única forma de chegar ao outro lado. No regresso, ao pretender atravessar de novo a ponte, encontra um louco que a ameaça com a morte se ela insistir em passar. Assustada, procura um barqueiro que não a transporta pois ela não tem dinheiro. Volta a casa do amante que lhe nega o empréstimo. À beira do desespero procura um amigo que vive perto, conta-lhe a situação toda e pede-lhe o dinheiro para pagar ao barqueiro. Ele nega, alegando que sempre foi apaixonado por ela e, com despeito, não a ajuda. Sem outra solução a mulher aventura-se a passar a ponte e o louco mata-a. De quem é a culpa?
O louco é louco, não tem controlo nem conhecimento sobre as suas acções; o amante e o amigo não eram nem uma coisa nem outra, os amigos fazem tudo por nós e o amante - que desperdício de tão bela palavra - era um tipo que queria dar uma queca, ponto. O barqueiro estava a fazer o seu trabalho, assim como o marido. Conclusão, a culpa foi dela.
Dos quatro grupos todos acordámos sobre o culpado número um, mas o mesmo não aconteceu com a culpa repartida de todos os outros intervenientes.
O marido, esse sacana,esse inútil - os epítetos eram vários e todos em português - ocupava a segunda posição. Nada disso - argumentava o meu grupo - o amigo, esse falso, esse sim, arcava com a maior parte da culpa. Afinal, tudo se baseava num pressuposto errado: ela tinha-o como amigo, mas era gato por lebre.
O amante - não consigo deixar de pensar que esta palavra aqui não se adequa nadinha - antes de ser amante, era homem, um homem com a perspectiva de sexo logo, aluado, emparvecido.
E o banana do barqueiro? Não podia ter dado uma abébia? Não era banana, era só barqueiro.
Acções nossas com culpas alheias é o que mais há por aí. Estando o casamento falhado porque não o declararam oficialmente? Fácil, isto era só um exercício...

Sem comentários:

Enviar um comentário