Quando José Saramago escreveu A Viagem do Elefante houve quem pensasse que a história lhe tinha
sido sugerida pela imaginação, mas não foi. O escritor baseou-se em
acontecimentos verídicos, naquilo que o historiador Jorge Rodrigues chamou ‘A
incrível história de Salomão, o elefante-diplomata de D. João III que viajou da
Índia a Viena de Aústria’, no seu livro
Salomão: o elefante diplomata, editado pelo Centro Atlântico. O elefante foi
um presente bizarro mas muito apreciado e que ajudou a consolidar as relações
do rei português com o seu primo austríaco.
Em 1515 D. Manuel I recebeu de um príncipe indiano um
rinoceronte, que decidiu oferecer ao Papa Leão X. Os rinocerontes eram animais
raríssimos aos olhos dos ocidentais e apesar de o Papa nunca ter recebido o
animal, pois o navio que o
transportava naufragou, o reino de Portugal marcou
pontos aos olhos do papado.
Diga-se de passagem que este rinoceronte teve um
importantíssimo papel no assumir da ilustração como instrumento de conhecimento
científico, pois foi desenhado por um desconhecido, mas desse desenho foi feita
uma gravura por um dos maiores artistas renascentistas, o alemão Albrecht
Dürer, que correu mundo.
Por outro lado, na ficção, o norte-americano Lawrence
Norfolk escreveu a história do animal num romance célebre, O Rinoceronte do Papa.
Colombo,
Pedro Álvares Cabral, Bartolomeu de Las Casas, entre muitos outros brindaram reis,
Papas e demais senhores com papagaios, araras, iguanas, papa-formigas,
anacondas, tatus, saguis, tucanos, periquitos, macacos e jacarés.
O exotismo dos animais recém-descobertos, oriundos do Novo
Mundo, era aproveitado para ajudar a estabelecer e consolidar relações com
diferentes reinos, numa época em que o ouro e o marfim, as especiarias e as
sedas traziam valores monetários àquilo que seria a Europa e cujos governantes
davam valor a prendas vivas, especialmente, se fossem originais.
Noutra vertente, o cartaginês Aníbal, considerado por
muitos como o maior dos generais,
usou elefantes para passar os Alpes na dupla perspectiva de serem animais
possantes e aos quais havia um medo natural.
Agora pergunto: para que raio terei eu escrito isto? Estes
parágrafos estavam nos meus papéis, com a minha letra, mas não faço ideia por
que razão me debrucei sobre os animais na história. Seria vontade de inverter as coisas num dia em que me fartei de histórias de animais? Fosse o que fosse, não
estava terminado porque as últimas palavras eram ‘Mais recentemente os animais
também…’
Tenho que voltar a tomar a medicação…
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