Os meus desenhos são lendários. Normalmente as pessoas associam-nos àquele dia em que fizeram xixi pelas pernas abaixo de tanto se rirem. Dizem que filho de peixe sabe nadar e assim é: consta que a minha mãe foi elogiada numa ocasião pela sua professora primária pela árvore que desenhara. A senhora professora franziu os sobrolhos quando soube que não era uma árvore e sim uma cafeteira.
Já aqui falei da minha total incapacidade em produzir um simples risco e do que aconteceu na escola Visconde de Juromenha quando fui obrigada a fazer parte dum grupo, e consegui, não fazendo rigorosamente nada, que o prémio de melhor trabalho fosse dado ao meu grupo. Puro golpe de sorte que me ajudou a não ser ostracizada para todo o sempre pela escola inteira, e ainda saí da sala quase em ombros, qual toureiro em Las Ventas.
Já na Secundária de Santa Maria, em Sintra, um certo trabalho de grupo de três pessoas, teve participação efectiva de duas e a terceira ficou muito admirada quando apareceu no dia da apresentação oral do trabalho e constatou que o seu nome não constava. A fúria deu-lhe para fazer queixa de nós ao professor, alegando injustiça! Quando nos perguntaram porque tínhamos feito aquilo, respondi com outra pergunta dirigida ao elemento faltoso:
- Que parte do trabalho é que fizeste?
Não havendo resposta, o caso ficou por ali e eu livrei-me dos monos da turma que deixaram de querer fazer trabalhos comigo, segundo eles por eu ter mau feitio…
No primeiro ano da faculdade fomos organizados em grupos de dois e calhou-me um rapaz que nunca vira e com quem nunca tinha trocado uma palavra. Como mantivemos a distância e o silêncio, apresentei o trabalho só com o meu nome. Ainda o guardo pois a nota foi magistral: PÉSSIMO, em maiúsculas, não fosse eu baralhar-me na leitura. Contudo, o professor mencionou a coragem de ter enxotado o parasita e ter enfrentado a coisa a solo.
Sempre que podia fazia trabalhos sozinha, atitude que se alargou aos estudos posteriores. Adoptei uma táctica que consistia em escolher a primeira data de apresentação dos trabalhos, sabendo eu que todos queriam a última; conclusão, poucos queriam trabalhar comigo.
Agora ouço uma amiga queixar-se que anda a fazer trabalhos de grupo… sozinha. Dou-lhe na cabeça, é claro, e incentivo-a a inscrever apenas o seu nome.
Os aproveitamentos surgem porque há duas espécies de pessoas: os aproveitadores e os aproveitados… Está muito mais na mão destes o fim destes relacionamentos desequilibrados e injustos, do que dos primeiros que, tenho a certeza, por si só nunca desaparecerão.
O que faz uma pessoa deixar-se injustiçar numa situação como esta? O que tem em dívida para com o outro, para o deixar colocar-se no pedestal do lucro fácil sem o denunciar através da omissão do seu nome? Que medo é este? O que é necessário para se passar do trabalho de grupo para o trabalho em equipa?Um grupo não é sinónimo de equipa. Uma equipa trabalha conjuntamente, cada um com uma missão, por mais pequena que seja, para se atingir o bem comum. Nos grupos há quem trabalhe para o bem dos outros e os outros nem se dignam agradecer.
Já aqui falei da minha total incapacidade em produzir um simples risco e do que aconteceu na escola Visconde de Juromenha quando fui obrigada a fazer parte dum grupo, e consegui, não fazendo rigorosamente nada, que o prémio de melhor trabalho fosse dado ao meu grupo. Puro golpe de sorte que me ajudou a não ser ostracizada para todo o sempre pela escola inteira, e ainda saí da sala quase em ombros, qual toureiro em Las Ventas.
Já na Secundária de Santa Maria, em Sintra, um certo trabalho de grupo de três pessoas, teve participação efectiva de duas e a terceira ficou muito admirada quando apareceu no dia da apresentação oral do trabalho e constatou que o seu nome não constava. A fúria deu-lhe para fazer queixa de nós ao professor, alegando injustiça! Quando nos perguntaram porque tínhamos feito aquilo, respondi com outra pergunta dirigida ao elemento faltoso:
- Que parte do trabalho é que fizeste?
Não havendo resposta, o caso ficou por ali e eu livrei-me dos monos da turma que deixaram de querer fazer trabalhos comigo, segundo eles por eu ter mau feitio…
No primeiro ano da faculdade fomos organizados em grupos de dois e calhou-me um rapaz que nunca vira e com quem nunca tinha trocado uma palavra. Como mantivemos a distância e o silêncio, apresentei o trabalho só com o meu nome. Ainda o guardo pois a nota foi magistral: PÉSSIMO, em maiúsculas, não fosse eu baralhar-me na leitura. Contudo, o professor mencionou a coragem de ter enxotado o parasita e ter enfrentado a coisa a solo.
Sempre que podia fazia trabalhos sozinha, atitude que se alargou aos estudos posteriores. Adoptei uma táctica que consistia em escolher a primeira data de apresentação dos trabalhos, sabendo eu que todos queriam a última; conclusão, poucos queriam trabalhar comigo.
Agora ouço uma amiga queixar-se que anda a fazer trabalhos de grupo… sozinha. Dou-lhe na cabeça, é claro, e incentivo-a a inscrever apenas o seu nome.
Os aproveitamentos surgem porque há duas espécies de pessoas: os aproveitadores e os aproveitados… Está muito mais na mão destes o fim destes relacionamentos desequilibrados e injustos, do que dos primeiros que, tenho a certeza, por si só nunca desaparecerão.
O que faz uma pessoa deixar-se injustiçar numa situação como esta? O que tem em dívida para com o outro, para o deixar colocar-se no pedestal do lucro fácil sem o denunciar através da omissão do seu nome? Que medo é este? O que é necessário para se passar do trabalho de grupo para o trabalho em equipa?Um grupo não é sinónimo de equipa. Uma equipa trabalha conjuntamente, cada um com uma missão, por mais pequena que seja, para se atingir o bem comum. Nos grupos há quem trabalhe para o bem dos outros e os outros nem se dignam agradecer.
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