segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Os meus sobrinhos, a Islândia e a Ética

Regressei. Em termos profissionais estive de férias. Na verdade estive a trabalhar, assumindo o meu papel de Pato Donald, tomando conta dos meus sobrinhos, que ai vão três.
Neste curto espaço de tempo consegui dar cabo do microondas, queimar os biberões (que plural tão feio…), estragar o estore da sala e, parecendo não ficar contente, cheguei a casa e provoquei um curto-circuito, razão pela qual tenho os candeeiros de pé alto da sala espalhados pela cozinha e casa de banho.
Foi uma semana desastrosa, nesse aspecto. Felizmente outros houve em que as coisas correram muito bem: o caminho até Évora de mão dada com a minha esguia sobrinha; os jogos de pólo aquático do meu sobrinho; os mimos no sofá da sala; mas acima de tudo, os risos e as gargalhadas. O mais novo ainda não se manifesta mas não é por falta de incentivo nosso, é simplesmente por ainda nem ter um mês.
As dinâmicas nas terras de interior são completamente diferentes das da cidade e eu que faço o meu filho com 17 anos andar acompanhado, vejo que em Coruche qualquer vizinho trará os gaiatos da escola e com um telefonema arranjam-se várias soluções para colmatar qualquer falha de horários: a avó de um amigo leva-os, o pai de outro trá-los, uma mãe leva-os à natação, alguém os leva a casa depois dos escuteiros. Para além disto, um café e um pastel de nata custam 75 cêntimos… setenta e cinco cêntimos, café e pastel, os dois juntos!
Com tamanha crise ando a pensar emigrar e pedi ajuda ao meu sobrinho que abriu um determinado livro com uma breve descrição de todos os países para escolhermos um. Não podia ser muito longe, mas tinha que nos dar boas perspectivas de vida. Escolhemos a Islândia. No dia seguinte, como nos filmes onde os sonhos se realizam enquanto dormimos, acordámos na Islândia! Percebemos isso quando saímos de casa em direcção à natação, eu encasacada como se a piscina ficasse num glaciar. Os outros adultos, embora habituados, mas vestidos de bonecos de neve e os miúdos, que nunca se queixam, a correrem com cachecóis pendurados. Combinámos riscar a Islândia e escolher outro sítio, não que eu não aguente aqueles gelos, mas como sou uma rapariga elegante, os casacos em cima de casacos fazem de mim um fardo de palha daqueles redondos e se calhar a cair dou em rebolar e só me apanham a meio do Atlântico Norte…
Além disso intensificámos a nossa pesquisa e descobrimos que foi em 1939 que se registou a mais alta temperatura do ar – 30,5º - o que nos deu logo vontade de rir, mais ainda quando lemos que os invernos são amenos! Achávamos nós que sabíamos o que quer dizer ‘ameno’…
Posta de lado a Islândia não chegámos a qualquer outra conclusão embora o meu sobrinho me tenha dado outra sugestão: Coruche…
Geografias à parte, sexta-feira fui dar uma conferência sobre ‘Ética na Gestão’ e o meu sobrinho acompanhou-me. Éramos duas pessoas e eu fui a segunda a intervir. Enquanto a primeira falou o gaiato sentado ao meu lado apanhou-lhe os tiques de linguagem e expressão corporal e tive que o mandar calar duas vezes, no meio de risos contidos, tal era a precisão das suas observações sussurradas ao meu ouvido. No final disse-lhe que tinha sido pouco ético da sua parte fazer aquilo e ele disse-me que talvez, mas que tinha sido muito divertido…

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