Há dias questionei-me sobre uma peça com poucos centímetros de tecido, sem marca conhecida e na montra duma loja banal, à porta da qual passam pessoas com rendimentos baixos, custar 563 euros.
Pois ontem à tarde verifiquei que o vestido verde já lá não estava – terá sido comprado...? – e a manequim exibia um modelo branco com folhas castanhas, que tem irmãos e primos em qualquer loja chinesa, mas com uma diferença: custava, antes de estar em saldo, 890 euros. Não, não me enganei, não, não vi mal, até ia acompanhada por uma amiga a quem fiz questão de pedir que visse também e lá estava, 890 euros.
Tendo em conta o estado da nação eu tenho que trazer comer de casa e vendo estas coisas tento não me desiquilibrar, que é como quem diz, não arranjar desacatos, comigo própria, entenda-se bem, que sou pessoa pacífica. Que tipo de desacatos? Não me pôr a pensar em demasia nos exageros que vejo à minha volta, não entrar em depressão, continuar a saber fazer magias com o dinheiro, manter uma cara alegre e bem disposta, essas coisinhas pequeninas.
Por vezes é-me difícil arranjar palavras para descrever certas situações, esta é uma delas. E é por isso que continuo a pensar que algures nos bastidores daquela loja, e doutras como ela, se esconde qualquer coisa, e os preços estão nos manequins não para informarem os potenciais clientes mas para os afastarem o mais possível!
terça-feira, 31 de agosto de 2010
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