A bem da verdade não tenho estado em parte incerta.
Estava de férias há doze horas, tinha mergulhado um bom par de vezes na praia fluvial de Poço Corga, jantado no parque de campismo e estávamos sentados a jogar cartas e fazer brincadeiras quando, para dar um dica ao meu cunhado, a fim de que ele adivinhasse um nome, dei um salto. Assim que os pés tocaram no chão senti uma dor intensa numa perna, de tal forma que vomitei e fiquei encharcada em transpiração. Vários centros de saúde e dois hospitais depois, o diagnóstico confirma-se: ruptura nos ligamentos do gémeo.
Meia elástica, pomada e massagens, anti-inflamatório, repouso total e canadianas. Pelo menos uma semana sem por o pé no chão, talvez duas, e só depois começar a tentar, usando uns sapatos de cunha, eu, que só tenho sapatos rasos.
Foi assim que em vez de seguir para norte, regressei a casa e tenho mais que tempo para me pôr a par das novelas, portuguesas, brasileiras, mexicanas e as mais que vierem.
Já tinha andado de canadianas mas nunca com duas e impossibilitada de por um pé no chão; não é fácil e parece-me que vou cair a cada passo nas viagens que faço para a casa de banho e do quarto para a sala.
O destino, sabendo que não posso sair de casa, entendeu que era boa altura para avariar o carro.
A tristeza é pontuada por ataques de riso, tanto azar chega a ser ridículo, e ainda mais se me lembrar que a meio da noite, entre hospitais, ainda passámos numa operação stop, o meu cunhado a assoprar o balão e a explicar que tínhamos pressa.
O riso chega à gargalhada quando me lembro que, por volta das cinco da manhã, quando regressámos ao parque de campismo, o carro não pode entrar e tive que dormir sentada no banco.
Conclusão, ainda não gozei um dia de férias e já gastei o pouco que tinha entre médicos, medicamentos e mecânico. Como estou de baixa médica, o ordenado do mês que vem vai ser uma gota de água no oceano.
Anda uma pessoa à espera desta altura o ano todo e depois ganha esta lotaria.
Já imagino certas pessoas a pensarem sorridentemente tens o que mereces, mas centro-me a pensar que estou viva e, como sempre, há pessoas em situações muito piores.
Está na minha mão recuperar e vou fazer tudo para que seja à velocidade da luz: umas idas à praia aqui ao lado ninguém me tira; afinal, tenho um mês de férias para gozar.
Estava de férias há doze horas, tinha mergulhado um bom par de vezes na praia fluvial de Poço Corga, jantado no parque de campismo e estávamos sentados a jogar cartas e fazer brincadeiras quando, para dar um dica ao meu cunhado, a fim de que ele adivinhasse um nome, dei um salto. Assim que os pés tocaram no chão senti uma dor intensa numa perna, de tal forma que vomitei e fiquei encharcada em transpiração. Vários centros de saúde e dois hospitais depois, o diagnóstico confirma-se: ruptura nos ligamentos do gémeo.
Meia elástica, pomada e massagens, anti-inflamatório, repouso total e canadianas. Pelo menos uma semana sem por o pé no chão, talvez duas, e só depois começar a tentar, usando uns sapatos de cunha, eu, que só tenho sapatos rasos.
Foi assim que em vez de seguir para norte, regressei a casa e tenho mais que tempo para me pôr a par das novelas, portuguesas, brasileiras, mexicanas e as mais que vierem.
Já tinha andado de canadianas mas nunca com duas e impossibilitada de por um pé no chão; não é fácil e parece-me que vou cair a cada passo nas viagens que faço para a casa de banho e do quarto para a sala.
O destino, sabendo que não posso sair de casa, entendeu que era boa altura para avariar o carro.
A tristeza é pontuada por ataques de riso, tanto azar chega a ser ridículo, e ainda mais se me lembrar que a meio da noite, entre hospitais, ainda passámos numa operação stop, o meu cunhado a assoprar o balão e a explicar que tínhamos pressa.
O riso chega à gargalhada quando me lembro que, por volta das cinco da manhã, quando regressámos ao parque de campismo, o carro não pode entrar e tive que dormir sentada no banco.
Conclusão, ainda não gozei um dia de férias e já gastei o pouco que tinha entre médicos, medicamentos e mecânico. Como estou de baixa médica, o ordenado do mês que vem vai ser uma gota de água no oceano.
Anda uma pessoa à espera desta altura o ano todo e depois ganha esta lotaria.
Já imagino certas pessoas a pensarem sorridentemente tens o que mereces, mas centro-me a pensar que estou viva e, como sempre, há pessoas em situações muito piores.
Está na minha mão recuperar e vou fazer tudo para que seja à velocidade da luz: umas idas à praia aqui ao lado ninguém me tira; afinal, tenho um mês de férias para gozar.