Há muitos anos os meus pais aceitaram a ajuda do pai de um primo meu por afinidade para pintarem a casa de alto a abaixo. O Sr. Ribeiro era especialista na matéria e não deixava cair pingas no chão, coisa que a nós nos fascinava pois, em ocasiões anteriores, o chão, apesar de resguardado com tapetes velhos e jornais, ficava quase tão pintado como os tectos.
Lá nos dividimos entre 'pintores' e ajudantes e calhou a minha mãe ser ajudante do Sr. Ribeiro, que nascera em Baião e transportava com ele toda a cultura e tradição do Norte.
O Sr. Ribeiro era, e ainda é, muito conversador e dono de uma enorme simpatia, mas tinha um sotaque denso e cerrado. Lá do alto do escadote falava, falava, falava e a minha mãe dizia Sim, Sr. Ribeiro, Pois, Sr. Ribeiro e andava neste pingue-pongue, e o homem de pingue-pongue também, sobe e desce do escadote, até que Sr. Ribeiro foi pedir outro ajudante, alegando que a que lhe coubera em sorte não falava a língua dele e ele pedia isto e aquilo e ela que Sim, Sr. Ribeiro e que Pois, Sr. Ribeiro, mas nada de fazer o que ele pedia.
Lembrou-me este episódio a propósito da semana espanhola aqui na biblioteca, que está a terminar.
Quando estive na Universidade em Madrid falei sempre castelhano e agora combináramos que todas as conversações seriam em português, que o José domina bem, apesar do sotaque carregado.
Pedi às pessoas com quem ele contactou durante estes dias que falassem devagar, pois se assim fosse ele entendia tudo.
Porém, nem sempre assim aconteceu e a propósito de uma colega que fala à velocidade da luz, a que alia um leve sotaque nortenho, perguntou-me ele se ela era brasileira, pois não percebia metade do que dizia. Desatei a rir pois, há tempos, eu tinha estado com ela em S. Paulo, e tinham-me perguntado se ela era espanhola...
Com uma outra colega, que também fala depressa e com quem eu brinco amiúde, acusando-a de não ouvir o que se lhe pergunta, surgiu a seguinte conversa:
- Vais para França nas férias? Para que cidade?
- Vou na TAP, que não confio noutras companhias
Se tudo isto se passasse num estúdio de televisão eu era aquela pessoa contratada para dar gargalhadas...
Lá nos dividimos entre 'pintores' e ajudantes e calhou a minha mãe ser ajudante do Sr. Ribeiro, que nascera em Baião e transportava com ele toda a cultura e tradição do Norte.
O Sr. Ribeiro era, e ainda é, muito conversador e dono de uma enorme simpatia, mas tinha um sotaque denso e cerrado. Lá do alto do escadote falava, falava, falava e a minha mãe dizia Sim, Sr. Ribeiro, Pois, Sr. Ribeiro e andava neste pingue-pongue, e o homem de pingue-pongue também, sobe e desce do escadote, até que Sr. Ribeiro foi pedir outro ajudante, alegando que a que lhe coubera em sorte não falava a língua dele e ele pedia isto e aquilo e ela que Sim, Sr. Ribeiro e que Pois, Sr. Ribeiro, mas nada de fazer o que ele pedia.
Lembrou-me este episódio a propósito da semana espanhola aqui na biblioteca, que está a terminar.
Quando estive na Universidade em Madrid falei sempre castelhano e agora combináramos que todas as conversações seriam em português, que o José domina bem, apesar do sotaque carregado.
Pedi às pessoas com quem ele contactou durante estes dias que falassem devagar, pois se assim fosse ele entendia tudo.
Porém, nem sempre assim aconteceu e a propósito de uma colega que fala à velocidade da luz, a que alia um leve sotaque nortenho, perguntou-me ele se ela era brasileira, pois não percebia metade do que dizia. Desatei a rir pois, há tempos, eu tinha estado com ela em S. Paulo, e tinham-me perguntado se ela era espanhola...
Com uma outra colega, que também fala depressa e com quem eu brinco amiúde, acusando-a de não ouvir o que se lhe pergunta, surgiu a seguinte conversa:
- Vais para França nas férias? Para que cidade?
- Vou na TAP, que não confio noutras companhias
Se tudo isto se passasse num estúdio de televisão eu era aquela pessoa contratada para dar gargalhadas...