Ontem assisti a uma reportagem sobre Sean Sellers, condenado à morte por crimes cometidos com a idade de 16 anos. A sentença foi executada em 1999 quando tinha 29 anos. Até lá viveu no chamado corredor da morte, mas sem o isolamento de outros condenados pois foi ‘seguido’ pela televisão e os jornalistas dedicaram toda a atenção ao adepto de satanismo, amante de Dungeons and Dragons, convertido depois ao cristianismo já na prisão, a sofrer de múltipla personalidade mas que matou três pessoas quando era adolescente, uma delas para ‘ver como era’. Várias personalidades, entre elas Desmond Tutu, ergueram as vozes para que a sentença fosse transformada em prisão perpétua, mas a injecção foi mesmo dada, diante de várias pessoas convidadas, e o convidado aqui é macabro, mas é verdadeiro, pois o Estado de Oklahoma, para além de permitir que as famílias das vítimas assistam à execução, permite também a existência de convidados; não sei em que outras salas passa o mesmo filme…
Polémicas à parte sobre a pena de morte, havia ali qualquer coisa que não batia certo, na reportagem, bem entendido, que no resto estava tudo baralhado, como é óbvio.
Sellers defendeu que as famílias das vítimas eram as únicas que podiam decidir sobre a sua morte ou não pois eram os afectados; mais ninguém devia interferir no processo.
Fiquei sem perceber se os juízes também deviam ser postos de lado e se esse modelo seria uma proposta a ponderar; se assim fosse, qualquer ladrão acabava no cadafalso, sem apelo nem agravo. Estranha defesa de alguém que está no corredor da morte.
Penso que a única pessoa que podia ter tido um papel fundamental na defesa de Sean teria sido a mãe, mas essa estava debaixo de sete palmos de terra pois foi uma das pessoas que ele matou.
Polémicas à parte sobre a pena de morte, havia ali qualquer coisa que não batia certo, na reportagem, bem entendido, que no resto estava tudo baralhado, como é óbvio.
Sellers defendeu que as famílias das vítimas eram as únicas que podiam decidir sobre a sua morte ou não pois eram os afectados; mais ninguém devia interferir no processo.
Fiquei sem perceber se os juízes também deviam ser postos de lado e se esse modelo seria uma proposta a ponderar; se assim fosse, qualquer ladrão acabava no cadafalso, sem apelo nem agravo. Estranha defesa de alguém que está no corredor da morte.
As imagens mostraram o dia da última apelação com pedidos de condenação por parte da família dos assassinados e durante a qual foram dados cinco minutos ao assassino para se defender. Mais uma vez a defesa foi fraca, com palavras mal pensadas, discurso não estruturado e argumentos esquisitos. Ora, alguém que está na prisão, a ver esgotar-se o tempo de vida, deve ter tempo para pensar – digo eu… - e articular um discurso de fazer chorar as pedras da calçada, sozinho ou auxiliado pelo advogado e amigos, com quem podia trocar correspondência. Sem surpresa, o júri disse não, não, não e não, pois era constituído por quatro pessoas.
Nos minutos dados a Sean Sellers não se ouviu um lamento, um pedido de desculpa, um ar de mortificação, nada. O advogado chorava, as câmaras mostravam os amigos de olhos fechados, como se não quisessem encarar a realidade e, fechando os olhos, impedissem os nãos de lhes entrarem pelos ouvidos. Penso que a única pessoa que podia ter tido um papel fundamental na defesa de Sean teria sido a mãe, mas essa estava debaixo de sete palmos de terra pois foi uma das pessoas que ele matou.