Vi o programa
Olhos nos Olhos. Foi um belíssimo exemplo de como os lobbies funcionam bem.
Não
se mencionou se a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária foi convidada e
declinou o convite ou se nem foi sequer convidada. Bateu-se na tecla do
costume-se, banalidades, caça à multa, álcool, etc.
Aquilo que podia ter sido
um excelente programa de verdadeiro jornalismo e informação mostrou-se uma
sucessão de lugares comuns, já do conhecimento dos telespectadores, o que levou
a que muitos se congratulassem com o facto de na televisão se dizer aquilo que
já se sabe. É a Casa dos Segredos reformulada.
Falou-se em
mortes, pois claro, em prevenção, em cartas de condução tiradas a troco de
influências, em escolas que não dão aulas, mas recebem o dinheiro, com certeza.
Sobre este aspecto o Dr. Carlos Barbosa disse que contra ele falava. Ora não é
bonito nem fica bem falarmos contra nós: bonito e sério é podermos dizer que
nos distinguimos dos outros nas atitudes e comportamentos, coisa que não se
verificou, antes pelo contrário: existe a onda e deixamo-nos ir, embora
saibamos que vamos em sentido proibido. E mesmo assim afirmamo-lo na televisão!
Desta forma deixa-se a credibilidade numa rua sem saída…
Depois há a
questão dos cintos: há quem os use e quem não os ponha e sorria dizendo isso
mesmo, brincando às escondidas com a seriedade que, aparentemente, leva de
braço dado.
Não se ouviu
falar do custo social dos acidentes. Ninguém se sentiu abanado em momento algum
pelo facto de toda a sociedade estar envolvida nesses mesmos acidentes por via
da utilização de hospitais, das estradas, dos tribunais, das ambulâncias, dos
funerais, dos advogados e peritos, das polícias e das entidades fiscalizadoras,
que me conjunto perfazem o preço da morte, uma vez que o preço da dor não é calculável.
O Dr. Medina
Carreira encontrou o Dr. Carlos Barbosa num restaurante e convidou-o para o
programa. Espero que pelo menos a refeição tenha sido boa.
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