terça-feira, 20 de maio de 2014

O português é uma língua muito traiçoeira

As empresas de publicidade esgatanham-se para inovar, mostrar uma criatividade nunca vista e ser o mais original possível. As campanhas da Bombril, de longevidade invejável, as da Sagres, iguais mas tão diferentes, são exemplos brilhantes que não esquecemos.
O novo operador de telemóveis e mais quinquilharia da qual não prescindimos deve ter contratado uma empresa da especialidade para o lançamento da marca. Porém, se o lançamento tivesse sido em Cabo Canaveral talvez tivesse mais eficácia.
Pergunto-me quanto tempo andaram às voltas para encontrar um nome. Um nome que se quer forte, sonante, único, que se distinga, que se interiorize, que nos fique na memória. Pergunto-me quem o validou... e aposto num arrependimento de proporções gigantescas.
O nome escolhido escreve-se de uma forma e lê-se de outra... e era a forma de escrita que se pretendia e não a da leitura. Nos, que se verbaliza nús, está cheio de boas intenções, até se vislumbra o abraço que se pretendia induzir, apertado, pois claro, a união, quiça a fraternidade. Mas não, não funciona assim.
Para além disso copiaram os pauzinhos da concorrência, igualitos, e pintaram-nos com as cores do arco-íris, esbatidas, em cima das quais puseram uma tigreza, cujas manchas mancham a leitura visual, criando uma nódoa. O Robocop e o cão voador até não funcionam mal, mas uma campanha destas dimensões não se pode ficar por aqui: provocar franzires de sobrancelhas pela falta de nexo. 

1 comentário:

  1. A sua perspicácia sempre apurada. Nós estaria melhor...para nós mesmos...porque nós...sim...nós...seria melhor...o problema é que não funciona por falta de comunicação...logo de comunicação que NOS resolve...mas não com nós...nós estamos em redes diferentes...operadoras diferentes...ondas diferentes...por mais esforço que se faça...há sempre um comentário sem resposta...

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