quinta-feira, 29 de maio de 2014

A ressaca

Começo hoje a fazer uma formação que se prolongará até ao final de Junho. Sendo ao fim do dia, dois dias por semana, juntando-lhe uma ausência do próximo fim de semana, que será prolongado - Alô Tavira, tou chegando! - mais uns feriados e uns dias de férias e já me sinto a ressacar pela falta das minhas investigações académicas.
Como se fosse o vento que me envolvesse, uma ventania daquelas danadas que correm em todas as direcções, só ouço dizer Mas tu és doida! Quando não dizem doida, dizem maluca, mas são unânimes em apontarem-me um hospício para relaxar.
Sinto-me bem, plena e satisfeita. Leio como nunca li, textos vários, ensaios, teses, não livros propriamente ditos, e desta forma atraso possíveis doenças mentais, não deixando a cabeça por telenovelas alheias.
Adorava que os dias se prolongassem e que eu conseguisse dormir ainda menos. Digo que os arquivos deviam estar abertos fora de horas, de noite, como vemos nos filmes que há sempre bibliotecas abertas lá para as Américas a qualquer hora, em silêncio com candeeiros acesos por todo o lado. As pessoas que trabalham nos arquivos olham-me de lado e filiam-se em sindicatos temendo que a minha vontade seja levada à prática.
Ontem à noite organizei uma pilha de papelada para ler no comboio para o Algarve. Ao telefone com a minha amiga conto-lhe o que estou a fazer e ela repreende-me, lembrando-me que a vou visitar e que é suposto ter tempo para ela. Concedo e ponho os papéis de lado, procurando um livro para ler na viagem. Depois lembro-me da documentação do curso, em francês ainda por cima, e embora estivesse sozinha em casa, foi sorrateiramente que meti os papéis num saco, prontos para lire dans le train.

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