Parte da noite de Domingo é partilhada entre o cuidar das
mãos e das unhas e ver o Vale Tudo. O Vale Tudo inclui ver César Mourão,
delicioso e impagável, extraordinário; inclui também decorar brincadeiras que
depois fazem as alegrias dos meus sobrinhos e que repetimos quando estamos
juntos, com o avô a fazer de apresentador e todos os outros em jogo. Vale mesmo
a pena, vale mesmo tudo.
Porém, ver o programa equivale também ver a plateia constantemente
filmada e constatar que muitos dos que assistem in loco e em directo a um
programa de televisão que acaba perto da uma da manhã, lá onde é filmado, são
crianças de tenra idade.
Que pais são estes que levam criancinhas de colo para um
espectáculo de domingo à noite que os leva a casa, e à cama, entre a uma e as
duas da manhã, isto se não morarem longe do estúdio onde é gravado? Quem são os
inconscientes? Quem são os que colocam o seu próprio bem-estar muito à frente
do bem e dos níveis de qualidade mínimos dos seus filhos? Ficarão em casa na
segunda-feira seguinte? Não há escolas, colégios ou infantários? São crianças e
famílias escolhidas a dedo porque estão em casa?
Impressiona-me ver que os pais não pensam literalmente
nos filhos e impressiona-me ver que a estação de televisão – SIC – permite que
isto aconteça. Só por isto, pelo confronto obrigatório com imagens de garotos
de olhos semicerrados e outros em excitação total, já não Vale Tudo.
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