O Metro arranca com os lugares todos
ocupados. No quarteto de bancos onde vou sou acompanhada de três mulheres. Lê-se.
Uma Marta Müller, uma Cosmopolitan e um folheto que alerta para a chegada
eminente do fim do mundo, com instruções sobre como o receber. A quarta mulher
não lê. Vai sentada com ar de idiota a olhar as outras. Com o canto do olho rouba
umas frases ao folheto do lado sobre a caridade religiosa. Vai cheia de inveja
e teria trocado de bom grado pela Sentinela.
Eu sei porque a mulher não leitora era eu.
Quando cheguei à estação de destino não
encontrei o passe. Revirei a mala e o saco do almoço e cheguei ao cartãozinho
que faz abrir as portas do Metro e também ao livro que, afinal, não tinha
ficado na secretária como eu pensava.
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