quarta-feira, 3 de abril de 2013

Do Livro do Desassossego


O silêncio que sai do som da chuva espalha-se, num crescendo de monotonia cinzenta, pela rua estreita que fito.
Estou dormindo desperto, de pé contra a vidraça, a que me encosto como a tudo. Procuro em mim que sensações são as que tenho perante este cair esfiado de água sombriamente luminosa que se destaca das fachadas sujas e, ainda mais, das janelas abertas. 
E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou.

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