Todos os dias corro para a Torre do Tombo em cima das seis da tarde. Os meus homens levam-me a fazer pesquisas em papéis que o tempo conserva como se tivessem sido escritos ontem.
Os dedos secam-me de tanto passar a folha e procurar aquele nome com que sonho. Ainda não o encontrei mas mantenho a certeza, mais que a esperança, que o vou encontrar.
Isto passa-se depois de um dia de trabalho intenso, e antes de ir para casa agarrar-me ao computador e continuar a pesquisar.
Ando numa fase intensa e prolifera de trabalho; ontem enviei um artigo para uma revista científica e já comecei a escrever outro. Na semana passada expliquei à médica que o tempo morto me incomoda: o metro que não vem, a máquina de café que demora cerca de vinte segundos a terminar a preparação de um copo, sem açúcar, o tempo que as pessoas demoram a atender o telefone. Não sei como, vou falando com ela e vai-me sacando informação, sobre os meus hábitos, o trabalho intenso, a inexistência de namorados, a entrega total ao trabalho que se mistura com o estudo; explico-lhe que a minha vocação é ser estudante, se eu pudesse não faria outra coisa. Ela diz que isto é uma forma de depressão e eu penso que as escolas médicas dão o diploma a qualquer um.
Tomara muita gente conseguir ver televisão, falar ao telefone e ir fazendo pesquisas na net ao mesmo tempo, como eu. Ela olha-me muito séria e eu já não conto que tenho um livro à ilharga para onde vou olhando.
Diz-me que tenho que parar, que abrandar. Explico que o único lugar onde estou sem a sensação de desperdiçar tempo, é na praia. Deito-me e fico ali, só isso. Mas isto de estiver de barriga para cima, pois a barriga para baixo obriga a um livro, uma revista, quanto mais não seja à leitura da informação que vem no frasco do protector solar.
Depois de uns minutos de conversa, à cautela, retiro cigarros ao número que lhe dou quando me pergunta quantos fumo, assim como retiro horas ao dia de trabalho. Se o que faço me deixa satisfeita e acabo o dia em cima da meia-noite, porque raio hei-de terminar antes?
Digo-lhe que fujo do senhor alemão como o diabo foge da cruz e que a única terapêutica é exercitar o cérebro. Falo-lhe da minha mãe, do meu avô, de outras pessoas que verdadeiramente me assustam. Explico-llhe que não tenho medo de nada, à excepção disto. Ela responde que para além do alemão, há outros senhores que podem tomar conta de nós se não tivermos cuidado.
Mau! Penso eu, então não devia ter um namorado? Em que ficamos? Se começo a ter medo de todos os senhores que me podem rodear, então fico sozinha para sempre... o que não é má ideia, diga-se de passagem...
Concluo que não quero que me tirem a sensação de bem-estar que sinto, que até posso morrer amanhã, mas estarei plena de trabalho feito, bem feito, de procura, de não acomodação, de actividade, de vida. Nã... morrer, eu? Não é tão cedo.
Os dedos secam-me de tanto passar a folha e procurar aquele nome com que sonho. Ainda não o encontrei mas mantenho a certeza, mais que a esperança, que o vou encontrar.
Isto passa-se depois de um dia de trabalho intenso, e antes de ir para casa agarrar-me ao computador e continuar a pesquisar.
Ando numa fase intensa e prolifera de trabalho; ontem enviei um artigo para uma revista científica e já comecei a escrever outro. Na semana passada expliquei à médica que o tempo morto me incomoda: o metro que não vem, a máquina de café que demora cerca de vinte segundos a terminar a preparação de um copo, sem açúcar, o tempo que as pessoas demoram a atender o telefone. Não sei como, vou falando com ela e vai-me sacando informação, sobre os meus hábitos, o trabalho intenso, a inexistência de namorados, a entrega total ao trabalho que se mistura com o estudo; explico-lhe que a minha vocação é ser estudante, se eu pudesse não faria outra coisa. Ela diz que isto é uma forma de depressão e eu penso que as escolas médicas dão o diploma a qualquer um.
Tomara muita gente conseguir ver televisão, falar ao telefone e ir fazendo pesquisas na net ao mesmo tempo, como eu. Ela olha-me muito séria e eu já não conto que tenho um livro à ilharga para onde vou olhando.
Diz-me que tenho que parar, que abrandar. Explico que o único lugar onde estou sem a sensação de desperdiçar tempo, é na praia. Deito-me e fico ali, só isso. Mas isto de estiver de barriga para cima, pois a barriga para baixo obriga a um livro, uma revista, quanto mais não seja à leitura da informação que vem no frasco do protector solar.
Depois de uns minutos de conversa, à cautela, retiro cigarros ao número que lhe dou quando me pergunta quantos fumo, assim como retiro horas ao dia de trabalho. Se o que faço me deixa satisfeita e acabo o dia em cima da meia-noite, porque raio hei-de terminar antes?
Digo-lhe que fujo do senhor alemão como o diabo foge da cruz e que a única terapêutica é exercitar o cérebro. Falo-lhe da minha mãe, do meu avô, de outras pessoas que verdadeiramente me assustam. Explico-llhe que não tenho medo de nada, à excepção disto. Ela responde que para além do alemão, há outros senhores que podem tomar conta de nós se não tivermos cuidado.
Mau! Penso eu, então não devia ter um namorado? Em que ficamos? Se começo a ter medo de todos os senhores que me podem rodear, então fico sozinha para sempre... o que não é má ideia, diga-se de passagem...
Concluo que não quero que me tirem a sensação de bem-estar que sinto, que até posso morrer amanhã, mas estarei plena de trabalho feito, bem feito, de procura, de não acomodação, de actividade, de vida. Nã... morrer, eu? Não é tão cedo.
Parece que não adianta nada pedir aos lisboetas um pouco mais de atenção. Para andarem menos distraídos. Para olharem com mais atenção para a moça da frente. Para não julgarem. E eu a julgar que o anúncio ia resultar....chiça!
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