terça-feira, 19 de junho de 2012

Música no Metro

Danada por me ter esquecido do livro em casa, só na segunda estação é que percebi que o Metro nos estava a dar música. De início não percebi bem o que era; apurado o ouvido fui transportada para uma das mega produções indianas que faziam furor na minha adolescência.
Não tenho nada contra seja que tipo de música for, embora não goste do tum-tum-tum, gosto de ouvir falar ou cantar em línguas das quais não percebo nada, mas estranhei a escolha.
Numa das músicas, que se vento houvesse nos faria enlear nas pontas dos saris coloridos, entrou na carruagem uma pessoa que trabalha na mesma empresa que eu, ficou a um metro de mim, viu-me e fazendo jus à sua superior educação, não disse bom dia nem boa tarde, o que me fez rir e desatentar na música.
Porém, foi precisamente esse sai e volta a entrar na concentração musical que me fez perceber que a música não era do Metro e provinha sim dos auscultadores de um senhor com idade para ser meu pai, que ia de olhos fechados e sorriso leve na boca a sonhar sabe-se lá com o quê. 
A maravilhosidade do mundo onde o homem estava era de tal forma que no Marquês de Pombal, ao sair quase toda a gente, alguém lhe tocou e o homem abriu os olhos. Primeiro desviou-se para deixar passar, com os olhos ainda a meio gás. Depois fez um ar de espanto, deu um salto fenomenal a olhar lá para fora e disse:
- Já passámos o Jardim Zoológico?
À quatro estações meu amigo... 

2 comentários:

  1. Inspira e cheira a florinha; expira e apaga a velinha... Há casos, em que resulta :)

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