segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Blue Jasmine

Deu-me que pensar o último filme do Woody Allen. Para além de me fazerem rir, dão-me sempre que pensar os filmes dele. Porém, desta vez, de forma diferente: como agir eticamente com uma família que tem uma ideia sobre um antepassado recente e estamos na posse de informação que afinal, ele não era assim, mas assado? Sendo que o assado, caindo na divulgação pública, deita abaixo um mito, atrevo-me a dizer?
Alguém que construiu e deu aos outros uma ideia sobre si, que a alcatroou com hábitos e comportamentos adquiridos por determinadas vias que, vai-se a ver, e não foi bem assim...
Como dizer à família? Como informar que aquela pessoa, que até já morreu, deixou-os acreditar que era um e afinal era outro? Como dizer que ele moldou, e moldou-se para o futuro, como uma pessoa diferente daquilo que era verdadeiramente?
Não sei, tenho um dilema atravessado na garganta.
Quando ao filme, se a Cate Blanchett não ganhar, será uma grande injustiça.

5 comentários:

  1. Minha cara senhora. É fácil...não se diz. Hello???!!! Então o pobre do homem já morreu, toda a família tem o seu ideal já construído e devidamente assimilado e agora vai-se estragar a perspectiva? O quadro? Veja meu caso...sou um ladrão de livros mas ninguém (quase ninguém...) sabe. E depois de eu morrer é que vão descobrir e tal e dizer que afinal..tal e coisa...não, por favor. Deixem-me o meu bom (...) nome em paz.

    ResponderEliminar
  2. Está livre o anónimo que assim procede, não uma figura pública cuja obra se cruza com a sua vida privada e é objecto de estudo.

    ResponderEliminar
  3. Pois bem...concordo com vossa imensa sabedoria. Obrigada por me iluminar o início de mais um dia.

    ResponderEliminar
  4. O pior é que, muitas vezes, a imagem que se construiu condicionou a vida de terceiros e a descoberta da verdade, mesmo com a pessoa já morta, pode significar libertação. Eu sou pela verdade, sempre! Mesmo que se vá modificar a imagem de quem já se foi. E casos destes não são tão raros como pensamos...

    ResponderEliminar
  5. Tem razão Cristina, nada raros. Curiosamente estou com duas situações semelhantes entre mãos e vou divulgar tudo o que descobrir.

    ResponderEliminar