Faz hoje 10 anos, a meio da tarde, chovia torrencialmente em Caen.
Sei porque estava lá, com a chuva a misturar-se com as lágrimas que me escorriam pela cara, imparáveis.
Faz hoje dez anos, mesmo quando parava de chover mantinha-se um cinzento que nos acompanhou nas praias de Omaha, Utah, Gold, Sword e Juno.
Uma das viagens mais incríveis que já fiz, foi à Normandia, e ter lá passado o seis de Junho, foi uma inspiração.
No Memorial de Caen conversámos com um antigo soldado canadiano que nos disse saber que aquela era a sua última viagem à Europa, jovem com quase cem anos, até ele se admirava como ali estava. Ofereceu-me um pin com a bandeira do seu país e o momento em que os nossos dedos se tocaram, na troca do simbólico objecto, nunca desapareceu da minha memória, antes pelo contrário, adensa-se. Estava convencido que brevemente iria encontrar todos aqueles cujos nomes figuravam em placas nos cemitérios normandos, todos jovens como ele também fora, e voltaria a ser quando se reencontrassem.
A calma dele e da família que o acompanhava contrastava com a minha choradeira, que não conseguia parar, como se o meu campo de visão fosse uma tela por onde iam desfilando horrores, perpetrados por pessoas, pessoas como eu, afinal de contas, o que me desvairava pela pertença.
Hoje é um dia de comemoração que nunca passa sem que me lembre, que nunca passa sem que tenha vontade de chorar, que nunca passa sem raiva. Como foi possível?
A bem da verdade lembro-me todos os dias, pois tenho na cozinha, colada ao frigorífico, uma placa que trouxe de Omaha Beach, que indicava um caminho organizado naquele dia.
Nem a placa sonha que me indica a mim um caminho, diariamente, muito para além daquele para o qual foi criada.
Sei porque estava lá, com a chuva a misturar-se com as lágrimas que me escorriam pela cara, imparáveis.
Faz hoje dez anos, mesmo quando parava de chover mantinha-se um cinzento que nos acompanhou nas praias de Omaha, Utah, Gold, Sword e Juno.
Uma das viagens mais incríveis que já fiz, foi à Normandia, e ter lá passado o seis de Junho, foi uma inspiração.
No Memorial de Caen conversámos com um antigo soldado canadiano que nos disse saber que aquela era a sua última viagem à Europa, jovem com quase cem anos, até ele se admirava como ali estava. Ofereceu-me um pin com a bandeira do seu país e o momento em que os nossos dedos se tocaram, na troca do simbólico objecto, nunca desapareceu da minha memória, antes pelo contrário, adensa-se. Estava convencido que brevemente iria encontrar todos aqueles cujos nomes figuravam em placas nos cemitérios normandos, todos jovens como ele também fora, e voltaria a ser quando se reencontrassem.
A calma dele e da família que o acompanhava contrastava com a minha choradeira, que não conseguia parar, como se o meu campo de visão fosse uma tela por onde iam desfilando horrores, perpetrados por pessoas, pessoas como eu, afinal de contas, o que me desvairava pela pertença.
Hoje é um dia de comemoração que nunca passa sem que me lembre, que nunca passa sem que tenha vontade de chorar, que nunca passa sem raiva. Como foi possível?
A bem da verdade lembro-me todos os dias, pois tenho na cozinha, colada ao frigorífico, uma placa que trouxe de Omaha Beach, que indicava um caminho organizado naquele dia.
Nem a placa sonha que me indica a mim um caminho, diariamente, muito para além daquele para o qual foi criada.
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