sexta-feira, 12 de junho de 2015

Dói que se farta

Séculos, sinto que passarem séculos desde a última vez que aqui escrevi.
O trabalho tem sido tanto e tão intenso que não encontro uma sombra para me deitar, menos ainda espaço para teclar.
Hoje vim ao exorcismo, o nublado do dia a fazer jus ao cinzento da alma, depois do frio se ter apoderado de mim, esbranquiçando a pele já morena.
Sinto-me um fantasma, sou mas não sou, visível e invisível, deambulo.
Agarro-me a conquistas e sucessos profissionais dos últimos tempos, a sorrisos largos, a trabalho bem feito e quando dou ouvidos ao relógio de parede, a badalar que há vida para além do trabalho, e me convenço disso mesmo, verifico que foi uma ilusão de óptica.
Como sinto acima de tudo que a minha missão é ajudar os outros, concentro-me desesperadamente nessa tarefa, como alguém que levou um tiro mas continua a rastejar.
Dói que se farta, mas passa.
Tem que passar.
Vai passar.

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